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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Desmame - 1ª Semana

Após dois anos a tomar Cymbalta e depois de tanto chatear a minha terapeuta por causa do sono durante o dia, ela resolveu alterar a medicação, substituindo aquele medicamento pelo Elontril.
Devido aos efeitos severos da interrupção abrupta do Cymbalta - quem já tomou sabe que basta nos esquecermos um dia para começarmos a ter tonturas, enjoos, etc - , terei que fazer um desmame suave enquanto inicio o Elontril.
Uma vez deixei de tomar os comprimidos, porque simplesmente andava farta. Comecei a sentir-me muito mal, todos  os dias e durante mais de um mês. Fiquei próximo do abismo e então resolvi retomar. Melhorei logo. Desta vez, tenho medo que aconteça algo semelhante, pelo que estou receosa quanto ao desmame. Decidi então postar aqui como me vou sentindo e quais os efeitos que a sua falta me causa.
Desde o início da semana que estou a fazer um dia sim dia não. Tentei fazer uma tabela com várias variantes tais como pulsação, nível de ansiedade, frequência dos enjoos e tonturas, mas desisti ao fim de dois dias, pois ou esqueço-me ou não tenho tempo ou não tenho paciência.
O Cymbalta funciona como uma espécie de "aconchego" para o cérebro. Dá-nos uma sensação de segurança e auto-confiança, ao mesmo tempo que que nos sentimos "protegidos" por uma espécie de véu que nos separa das coisas menos agradáveis; notei um afastamento emocional em relação a tudo, não quero dizer com isto que ficasse fria, sem emoções, mas sim que as conseguia controlar, ser mais objectiva e racional. Com o tumulto emocional apaziguado tudo se tornava mais fácil, passei a viver mais no aqui e agora e a não temer o futuro; tornei-me muito mais espontânea e elástica em relação à forma como lidava com as outras pessoas em diferentes situações.
Porém, estou farta de medicamentos. Estou farta dos seus efeitos secundários - não conheço nenhum que não os tenha - e de me sentir dependente. Não sou diferente dos drogados que necessitam de uma dose de droga para se sentirem melhor, embora o seu desejo seja poderem sentir-se bem sem ela. A diferença é que esta é um droga legal e prescrita por especialistas, aceite pela sociedade (não a cem por cento, como já escrevi noutro post, mas isso é outra história...). Por tudo isto, eis-me aqui a tentar deixar a minha droga actual para entrar noutra cujo comportamento ainda não conheço. Ouvi dizer que é mais fraca, e isso já me deixa satisfeita.
Ao fim da primeira semana, depois de passar os últimos dias com náuseas, sono e fome como se não comesse nem dormisse à três meses. A realidade parece mais crua e fria, o que assusta. A luz do meu quarto, que é a mesma de sempre, parece devolver em 4D o interior da divisão, obrigando-me a tomar atenção a detalhes antes ignorados ou sem relevância; os sons estão mais estridentes, o ruído incomoda mais.
Vou dando notícias, o que significa ao mesmo tempo consciencializar-me do que se está a passar, verbalizar algo ajuda a lembrar e convém não esquecer estas experiências. Ajuda a conhecermo-nos a nós mesmos...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Dependências afectivas e emocionais


Viver uma vida inteira dentro de uma nuvem negra, além de nos impedir de desenvolver a nossa inteligência emocional, leva-nos a criar dependências. Não me refiro apenas a químicos, como o caso de medicamentos antidepressivos e outros ou estupefacientes, mas sim dependências emocionais e afectivas. Estas últimas surgem como forma de compensar o enorme sofrimento causado pelo imenso desgaste que é o confronto diário com a vida. Procura-se carinho, compreensão, alguém que cuide de nós. Não importa o preço que paguemos por isso. Por vezes o que recebemos são apenas migalhas, mas achamos que isso é melhor que nada e temos medo de arriscar algo melhor. O medo de perdermos o que temos supera a humilhação, o desespero supera o desejo. Outras vezes temos sorte e encontramos nas pessoas que nos estão próximas tudo o que necessitamos. Tudo, ou melhor, tudo o que é possível, porque é imenso o que necessitamos e ninguém consegue realmente satisfazer na íntegra essa necessidade. Em ambos os casos não deixamos de estar dependentes. Não saímos de casa dos pais, não terminamos uma relação que não está a dar certo, não nos afastamos daquele amigo que apenas nos vê como financiador dos seus projectos, etc. Ou não. Ou nem sequer somos capazes de ver que vivemos uma farsa e que o nosso estado de felicidade é arquitectado pela nossa mente e não é real. Porque manipulamos os nossos próprios valores em função da nossa dependência de forma a que o seu objecto nunca nos falte.

Mas o que acontece quando esse objecto nos falta um dia? Ninguém é eterno e muito menos está sempre disponível. A dependência passou a ser uma componente das nossas vidas como outra coisa qualquer. Quando o seu objecto desaparece fica um buraco, um vazio apto a capturar tudo o que está solto para se preencher. A ausência de algo em que concentrar a procura de apoio afectivo e emocional deixa-nos desesperados e, perante tal cenário cometem-se erros. Cai-se nas teias de curandeiros, seitas, de pessoas que oferecem milagres a troco de dinheiro ou favores; criam-se relações das quais saímos abusados, tentamos soluções fáceis para a angústia momentânea (droga, cutting, bulimia, etc). Ou tapamos esse buraco com outras dependências ou enfrentamos o vazio: o medo, a ansiedade, o desespero. É neste contexto que por vezes surgem as fobias, os ataques de pânico e outros transtornos.

Temos escolha? Será que todas as pessoas que viveram muito tempo na nuvem negra criaram dependências e se vêm confrontadas com estas situações em alguma altura das suas vidas? Algumas pessoas têm personalidades mais fortes que outras. Mas no fundo essas também não se deixam estar muito tempo dentro da nuvem.

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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