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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O desespero

Já há perto de três anos que relato a vários médicos os meus sintomas (ver post "Tensão em Demasia causa Sono"), observando sempre a mesma reacção: um encolher de ombros, ainda que apenas imaginado, traduzindo a sua incapacidade de fazer um diagnóstico correcto. Pergunto a mim mesma se serei única no mundo a tê-los. Normalmente receitam-me qualquer coisa. Qualquer coisa que nem sabem se preciso, apenas receitam qualquer coisa, com a esperança que actue como placebo. Há ainda aqueles que aproveitam a oportunidade para aprender e como tal transformam-me numa cobaia involuntária e sem o saber.
A resposta aos medicamentos pode-nos colocar numa posição muito vulnerável: pelos seus efeitos directos e secundários, pelo facto de provocarem alterações que sugerem diagnósticos nada apetecíveis, pelo simples facto de não nos levarem a lado nenhum e de nos estarem a fazer perder tempo.
Apesar de ser ainda jovem, a maioria dos medicamentos sugeridos estão associados ao tratamento da doença de Parkinson. Isso deixa-me triste, principalmente quando na farmácia me perguntam com ar complacente: "É para si? Ainda é tão jovem..."... Bom, isso também eu digo, apesar de saber que o que me está a ser receitado é apenas uma tentativa de combater os sintomas de algo que ainda não tem nome.
Está a tornar-se muito difícil trabalhar como me encontro. Não consigo conter os bocejos, o espreguiçar constante, a vontade incessante de me movimentar. Entre a demora de solução por parte dos clínicos e o frustrado avançar da minha carreira profissional, o sofrimento faz-me ansiar por respostas. Respostas que ninguém tem, respostas que quem as procura se encontra de repente num labirinto do qual não encontra a saída. Perante tal, meto eu mãos à obra. É para isso que servem a Internet e os livros. Gostava ao menos de encontrar alguém com os mesmos sintomas com quem pudesse trocar ideias. Até lá entrego-me à minha busca solitária. Mesmo que não encontre o que procuro, congratulo-me por tudo o que tenho aprendido durante o percurso.

sábado, 14 de março de 2009

Tomar Medicamentos e Trabalhar


A depressão impede-nos por vezes de trabalhar ou de assistir às aulas. Para que possamos levar uma vida normal tomamos medicamentos. Mas como vivemos depois o nosso dia a dia sob o efeito desses medicamentos?


Cada medicamento produz os seus efeitos secundários específicos e cada pessoa reage ao mesmo de forma única. Porém, a sonolência, excitação, secura de boca, desconcentração, tonturas e outros podem ser alguns dos mais incomodativos. Muitas pessoas, após um período de interrupção no trabalho ou estudos regressam e procuram ter uma vida o mais normal possível, como é suposto ser o objectivo das terapias anti-depressivas. Porém confrontamo-nos muitas vezes com as exigências das nossas tarefas e os efeitos secundários dos medicamentos que tomamos. Para quem trabalha num escritório por exemplo, sentado todo o dia a uma secretária a executar tarefas rotineiras, o sono ataca quando não é de todo desejado e é por vezes muito difícil fazê-lo ir embora, por mais cafés que se tomem; outro exemplo é a falta de concentração nos estudantes quando assistem a uma aula e nada lhes ficou na memória, ou as tonturas para um construtor civil que trabalha em edifícios altos. Poder-se-ia dizer que pessoas com estas profissões deviam ficar de baixa até que terminassem a medicação. Mas na sociedade em que vivemos, pelo menos a portuguesa, ficar de baixa muito tempo por vezes implica a perda do emprego. Além disso muitas pessoas têm que tomar este tipo de medicamento praticamente toda a vida e não querem nem podem abdicar da vida activa tão precocemente.


Trabalhar pode-se tornar difícil nestas condições. O pior é que muitas vezes o chefe também nota e das duas uma: ou conhece a situção e entende-a, ou simplesmente atribui àquele funcionário o rótulo de ineficiente ou improdutivo. Muitas vezes até conhece as causas e simplesmente não aceita que algum seu subordinado possa ter problemas psicológicos, devido ao estigma de loucura que ainda se associa a isso. Quer por uma razão ou por outra não é fácil trabalhar sob o efeito de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos, nem é aconselhável ficar em casa a curar uma depressão, não só porque por vezes o isolamento e a inactividade pode até acentuá-la mas sobretudo devido à realidade que temos no emprego em Portugal.


Algumas pessoas optam por vezes por nem sequer consultarem um terapeuta, com medo das consequências de que falei. Então a situação vai-se agravando até culminar numa depressão grave que poderia ter sido travada a tempo de evitar chegar a tanto e muito sofrimento teria sido evitado. Esperamos que haja mais compreensão por parte da classe empregadora, menos estigma relacionado com o tema e cultura - acho que é uma questão de cultura - em relação a toda a sociedade, para que não associem imediatamente as palavras "psicólogo", "psiquiatra", "anti-depressivos", "ansiolíticos" e outras semelhantes, a "loucura".

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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