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quinta-feira, 21 de junho de 2012

A história não contada sobre a psiquiatria...

Se perceber um pouco de inglês, veja este documentário. Os medicamentos psiquiátricos geram muita controvérsia, mas convém estar a par de todas as teorias para poder escolher uma delas:

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tratamento da depressão vs lucro


A depressão é uma das doenças mais estudadas dos últimos tempos e, apesar disso, parece estar a tornar-se endémica. Desde o início da aplicação das primeiras terapias têm havido avanços, mas muito lentos e diria mesmo muito modestos. Não se conseguiu uma forma de tratamento definitiva, com poucos efeitos colaterais, que  eliminasse as frequentes recaídas e que resgatasse dos hospitais uma boa parte dos internados. Decerto não é fácil inventar um medicamento ou uma terapia alternativa, mas às vezes parece que a intenção é mesmo avançar a um ritmo muito lento, de forma a que haja mercado para fazer crescer os lucros da indústria farmacêutica. De facto comprova-se pela percentagem de antidepressivos que é vendida por ano em função do total de medicamentos para todas as outras doenças. 
A depressão é uma doença que dá lucro. Não me lembro de terem sido tomadas quaisquer medidas por quem detém o poder no sentido de evitar que as pessoas entrem em depressão (excepto algumas tímidas campanhas publicitárias nos últimos anos). Será que é imaginação minha, ou falta aqui algum interesse em tentar diminuir o número e a gravidade das depressões?!...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O medo glogal

Mais uma vez trago-vos aqui algo que não é de minha autoria, mas concordo com tudo. Este foi o ponto a que chegamos, a sociedade que construímos mas que, sem maestro, toca cada um seu instrumento, num chinfrim de acordes desconcertados, onde o que devia ser música se transformou num ruído ensurdecedor. Já chegamos ao limite mas achamos que ainda estamos longe da meta. Trocamos a felicidade pelo medo, a ditadura do medo moldou as nossas mentes de forma a aceitarmos   ser manipulados em troca de promessas vãs. O hábito contínuo de sentir medo faz-nos sentir medo da própria felicidade com que tanto sonhamos: 
"(...)
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os automibilistas têm medo de caminhar e os peões têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar e a linguagem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras.
É o tempo do medo.
Medo da mulher da violência do homem e medo do homem da mulher sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechadura, do tempo sem relógios, da criança sem televisão, da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimidos para despertar.
Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver..."
 Eduardo Galeano, El miedo global (tradução livre).

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Procrastinar

Este palavrão, que provavelmente poucos conhecem o significado, é algo que, pelo menos de vez em quando, todos nós praticamos. Procrastinar é adiar para mais tarde o que sabemos que deve e tem que ser feito agora. Fazemo-lo porque o que temos pela frente é maçador, chato, emocionalmente ou fisicamente desagradável, embaraçoso, etc. Enfim, doloroso de alguma forma, em maior ou menor grau.
Faz parte do ser humano - e não só- o evitar da dor e do que é desagradável. Podemos então dizer que este verbo é legítimo. Porém, e como seres inteligentes que somos, sabemos que a chatice - dor - de agora vai evitar dores futuras ou trazer reais ou potenciais vantagens. É a pensar nisso que nos submetemos à cadeira do dentista, que vamos trabalhar todos os dias, que estudamos, que limpamos a casa.
Não fazemos nada de graça, nem a mais altruísta das pessoas. Trabalhamos para ganhar dinheiro para sustentar a família, estudamos para ter um futuro melhor, ajudamos os outros para preencher um vazio interior. Nestes casos visamos uma vantagem. Quando limpamos a casa evitamos a exposição à sujidade e por conseguinte às doenças associadas, quando vamos ao dentista evitamos futuros problemas dentários. Aqui, evitamos uma dor.
Por vezes damos por nós a evitar vantagens (ver post Medo do Sucesso aqui) ou a não evitar uma dor. A primeira das situações é explicada no post indicado mas a segunda, mais intrigante, é pouco compreendida e confundida com preguiça. Eu diria que a preguiça não existe, a única coisa que existe é falta de motivação. Num estado de preguiça, obtemos um certo prazer com ele. No caso da falta de motivação, não. Se não limpamos a casa sentimos-nos mal, quer pelo facto de estar suja, quer porque reconhecemos que se o fizéssemos nos faria sentir menos culpados, mais animados. De facto, procrastinamos porque não temos motivação suficientemente forte que nos impela à acção. Não temos razões suficientes para nos submeter a um processo doloroso para evitar uma dor futura. Exageramos a dor presente em prol da dor futura. Agora, é sempre mais difícil do que imaginamos ser mais tarde. Para quê já, para estragar o pouco prazer que nos resta, nem que seja na inércia, se podemos fazer mais tarde?
Na verdade, não sentimos assim tanto prazer, antes pelo contrário, sentimos falta de ânimo. Adiar torna-se num ciclo vicioso, uma bola de neve por vezes, e a culpa e mal estar começam a vir ao de cima. Mas continuamos a adiar, pois a partir de uma certa altura já não conseguimos associar o mal estar que sentimos à procrastinação.
Por vezes adiar as coisas repetidamente é um dos sinais da depressão, mas sem entrarmos no campo da patologia, é um forte indicador de que algo não está bem. Se dermos por nós a procrastinar muito, há que nos sentarmos e analisarmos o que se passa. A desmotivação tem sempre factores psicológicos associados, uma contradição entre o que queremos e o que devemos, e por vezes o que queremos está desajustado, desfocado, atrofiado por uma auto-culpa ou perca de fé e de auto-estima, ou então a desvalorização da recompensa obtida pela acção.
De repente, as coisas acumulam-se e tornam-se um monstro que nos assusta.  Nessa altura surge o desespero perante tão grande empresa que temos pela frente. Dos outros ouvimos: "Porque não fizeste isto há mais tempo?" Será que têm razão?
"Não julgues as minhas acções (ou ausência delas neste caso) se não conheces as minhas motivações".

terça-feira, 8 de maio de 2012

A Ditadura do Social


Queria escrever sobre este tema, mas encontrei quem o fez, quase por telepatia antecipada no tempo. Admiro o trabalho deste artista, mais ainda a originalidade acutilante e perturbadora, mas por fim congruente após alguns segundos de contemplação. Aqui fica o retrato da "Ditadura do Social" por Carlos Dala Stella:


"Só são levados em consideração, hoje, os conteúdos socialmente constituídos, ou seja, formulados de prévio acordo com a sociedade. O indivíduo mesmo, por mais emancipado que seja, só se torna visível a partir do momento em que passa a fazer parte da imensa rede social, formatada mais e mais pela internet. Não contribuir com a exploração pública de sua identidade pela rede significa descender ao submundo da invisibilidade, vala comum também ela prevista, ainda que a contragosto, por esse novo complexo social. Mas se antes a invisibilidade afetava o sujeito, cuja imagem de alguma forma tinha sido constituída e negada pelo círculo social, por mais estreito que este fosse, agora ela afeta a sombra futura desse sujeito. Mas paradoxalmente afeta também aquele que provavelmente nunca chegará a sê-lo, embora poste todos os dias no facebook, no twitter, no blog... O socorro da margem não existe mais, assim como a condenação ao reino escuro das idiossincrasias, relegadas ao jurássico século XX. Tudo pretende estar previsto no quadro formatado pelos gestores das redes, não só o que é, mas especialmente aquilo que está por vir. Pobre de nós, condenados às miríades do presente, herdeiros de um passado de que sentimos falta, nós que temos pudor, que zelamos pela individualidade, mesmo que nos digam que ela não vale grande coisa, que não sabemos o que fazer dela a maior parte do tempo, e que estamos bem assim, mesmo que estejamos mal. Pobre de nós que não queremos fazer parte de nenhum conglomerao, de nenhuma associação, aqueles que não se conformam às redes, às cercas, às grades. Aqueles para quem a economia nunca é criativa e o intagível existe desde sempre, como o ar que respiramos. Pobre de nós que preferimos os amigos mortos aos amigos virtuais, que vivemos de encontros e desencontros presenciais, nós para quem o vento no rosto é o paraíso, ou um temporal se armando."


Quadro da autoria de Dala Stella

sábado, 28 de abril de 2012

Depressão - Biologia e Medicamentos


Num quadro de depressão, há que distinguir várias vertentes que contribuem em conjunto para a instalação da mesma: a social, a genética, a biológica, a psicológica, etc. Neste post, irei analisar apenas a biológica. 
Vários estudos referem a importância dos neurotransmissores, mais propriamente as monoaminas cerebrais (dopamina, norepinephrine, a serotonina e a acelticolina). Foi investigada a disponibilidade destas substâncias no cérebro de pessoas com diferentes patologias psíquicas e confrontada com a encontrada no cérebro de pessoas saudáveis. As quantidades destes neurotransmissores encontrava-se mais elevada no caso das pessoas saudáveis, o que leva à conclusão da sua importância nestes quadros.
Tratando-se de agentes que permitem a optimização das transmissões neurológicas, terá que se avaliar as condições dos respectivos receptores. Aparentemente os primeiros não estavam presentes não por não terem sido segregados, mas sim porque foram muito rapidamente absorvidos (recaptados). Os estudos que mais evidenciam esta hipótese foram baseados na aplicação de medicamentos, mais propriamente dos  ISRS - Inibidores selectivos da recaptação da serotonina, entre outros. Do seu efeito biológico sobre os receptores, inibindo a sua desadequada actividade, chegou-se à conclusão, pelos efeitos positivos manifestados pelos pacientes, que na verdade a disponibilidade destes neurotransmissores no cérebro faz com que este "trabalhe" correctamente.
Como em muitas áreas da saúde, a resposta às causas biológicas ainda se encontram por apurar definitivamente, encontrando-se abertas outras hipóteses em investigação. Porém, os ISRS já estão a ser administrados há algumas décadas. É claro que estão a funcionar como "Aspirinas" e não como tratamento eficaz e definitivo. Das duas uma: ou o cérebro reaprende pela prática (enquanto estão a ser administrados estes medicamentos) a voltar às suas funções normais, reencontrando o equilíbrio antes perdido, na sua secreta organização celular e sináptica, ou voltará ao mesmo após o término do efeito medicamentoso. Se existir esta "reaprendizagem", com a forte contribuição na grande maioria das vezes de factores sociais, psicológicos ou ambientais, os especialistas consideram que houve tratamento, embora seja difícil ou mesmo impossível atribuir o sucesso aos medicamentos só por si. Isto significa que as provas existentes quanto aos ISRS no processo de cura estão longe de serem conclusivas, pelo que por enquanto e efectivamente apenas exercem uma função paleativa.

sábado, 24 de março de 2012

Portugal nú e cru - a espada do desemprego em cima das nossas cabeças

Mais do que parece, Portugal está um caos, principalmente a nível social e psicológico. De dia para dia se agravam as condições económicas das famílias, a violência e a insegurança quanto ao futuro. É quase impossível estabelecer um plano de vida com base em objectivos definidos, pois não sabemos se teremos emprego amanhã, se teremos leis absurdas que nos obriguem a desviar desse plano ou mesmo se o país não entrará em bancarrota. 
Perante esta realidade, só se pode dar ao luxo de ficar alheio quem tem muito dinheiro em bancos estrangeiros ou em offshores. No espaço de menos de uma década, a "classe média" vive nas mesmas condições e com as mesmas dificuldades da "classe baixa", mesmo quando não é atingida pelo desemprego: a precariedade no trabalho e sobretudo a chantagem dos empregadores sobre os empregados (efectivos ou potenciais), obriga-os a aceitar salários miseráveis, horas extra sem conta nem registo, muito menos remuneração, atitudes prepotentes e arrogantes e retaliações sempre que o empregado exigir os seus direitos, ou simplesmente manifestar a sua discordância em não os usufruir. 
Esta realidade escondida, com a espada do desemprego sob a cabeça, faz com que muitas pessoas vivam constantemente ansiosas e, perante a injustiça e falta de condições de vida, entrem em depressão. No entanto, mesmo que necessitem de ajuda, não podem ir ao médico: não têm dinheiro para as consultas ou elevadas taxas moderadoras e não podem faltar ao trabalho. Faltar, mesmo por doença, é encarado como um abuso, como se o empregado adoecesse propositadamente para prejudicar o patrão, mesmo quando não há dúvidas quanto à veracidade dessa doença. 
Assim, as idas ao médico só se efectuam em último remédio. Outro aspecto que tenho que abordar aqui é a prevenção: há situações em que os empregados são impedidos (ou controlados) de ir à casa de banho quando têm vontade de urinar, o que origina problemas no trato urinário; muitas vezes têm que trabalhar à hora de almoço, comendo qualquer coisa rápida enquanto teclam no computador, não comendo assim nem em ambiente saudável e relaxado, nem o tipo de comida que seria desejável. 
Nas empresas com poucos empregados, a situação é muito pior do que nas outras: há um controlo directo e permanente que causa ansiedade e tensão só por si. Para além disso, o simples falar nos factos que mencionei no parágrafo anterior dão direito a não renovação de contratos ou, o que acontece mais frequentemente, retaliações (humilhando-o, baixando-o de categoria, obrigando-o a fazer tarefas que nada têm a ver com a função para a qual foram contratados), com o objectivo de obrigar o empregado a ser ele a rescindir o contrato de trabalho, evitando assim os custos que as empresas teriam no caso inverso.
Todos sabem disto, ou porque o sentem na pele ou porque conhecem alguém a quem já aconteceu algo semelhante. Existem meios de defesa para eles, como recorrerem ao ACT (antiga inspecção do trabalho) ou ao sindicato (muitas empresas não admitem pessoas sindicalizadas!). Contudo, se o empregado já sofre retaliações por muito menos, imagine-se como conseguirá aguentar psicologicamente as consequências de uma inspecção do ACT! 
Em empresas com muitos empregados por vezes passa-se o mesmo, contudo é impossível controlar directamente tantas pessoas ao mesmo tempo e a situação é um pouco atenuada. Já quem tem o estado como empregador, pode exigir os seus direitos sem medo, fazer greves ou tomar outras atitudes sem ser imediatamente atingido.
Este cenário coloca os portugueses debaixo de fogo. Por um lado têm de "aceitar" a injustiça da fonte do seu ganha-pão, por outro têm que lidar com o facto de não estarem presentes para a família e verem-se confrontados por exemplo com a questão de quem vai buscar os filhos à escola ou quem os vai levar ao médico. Para além de tudo isto, a baixa do poder de compra faz com que sejam obrigados a baixar a qualidade de vida, muitas vezes para níveis abaixo da dignidade.
É possível não estar deprimido com tudo isto? É possível não estar angustiado quanto ao futuro? É possível ir trabalhar com motivação? É possível não se estar indignado com a forma como a classe política governou e está a governar este país, conduzindo-nos para um precipício e convidando-nos a emigrar? 
Pessoas não são objectos! Revolta-me a passividade com que os portugueses reagem a tudo isto. 

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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