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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dezembro e os amigos

Detesto o mês de Dezembro. Eu sei, é o mês do Natal, da passagem de ano... mas por vezes sobrepõem-se as memórias ao que de bonito tem esta época. É um mês de reflexão, talvez por ser o último mês do ano. E tudo passa diante dos meus olhos como se fosse um filme, onde eu sou a única espectadora. E nesse filme eu estou sempre sozinha. Como as estações dos comboios, que ficam sempre no mesmo lugar vendo os comboios que chegam mas que sabem que partem. 
As pessoas não são boas na sua essência. Querem ser, procuram formas de se comportar como tal, argumentos para quando o não são. Eu, como pessoa, admito-o. Mas sempre o fiz. Mas outros há que apenas procuram exorcisar a culpa, como se não fosse isso o resultado da luta entre a sua consciência e a forma como se comportam; outros há que tratam as pessoas como se fossem objectos, como se se tratassem de um carro, por exemplo. Quando o adquirimos, usamo-lo, cuidamos dele, até nos preocupamos com ele. Mas depois de o vendermos, quem é que se preocupa se o novo dono o trata bem, se está numa garagem ou foi transformado em sucata? Só que as pessoas não são carros. Não podem passar pelas vidas de outras e simplesmente serem tratadas como tal. Porque a ser assim, essas pessoas só mostram que nunca sentiram ao menos amizade pelas outras, pois a amizade não desvanece com o tempo nem com a distância, sempre nos preocupamos com os amigos.
Se calhar é por isso que não gosto deste mês. É aquele em que as pessoas desejam boas festas, bom ano, ligam quando nunca ligaram o resto do ano... é um mês estranho. Respostas aprendidas! Por um mês, parece que se é o que se quer ser, não o que se é na verdade.

domingo, 2 de dezembro de 2012

A importância dos Animais de Estimação

 Eu tenho um gato; a vizinha da frente tem um caniche; a de cima tem um papagaio (que não se cala!); o meu melhor amigo tem um lagarto... Porquê esta tendência do ser humano para ter animais de estimação? Podem haver várias respostas:
- para não se sentirem sozinhos;
- para sentir o poder de dominar;
- para terem com que se ocupar (e preocupar);
- para sentirem que são realmente seres humanos.

Não somos todos iguais. Muitos daqueles que têm animais de estimação dizem tê-los por uma questão de companhia. Esta realidade, embora exista de facto, mascara muitas vezes a verdadeira razão pela qual adoptamos aqueles bichos que nos cativam, com os quais criamos uma certa empatia. 

Qualquer que seja o animal que escolhemos, este passa a ser nossa propriedade. Há à partida um sentimento de posse, algo nos pertence. Depois, esse animal passará a estar dependente de nós, a todos os níveis, desde o fornecimento de alimentação até aos cuidados de higiene e saúde. Temos algo com que nos ocupar, que preenche uma lacuna existente na nossa vida. Todos temos amor para dar. Quando não o conseguimos dar a um outro ser humano, resta-nos pelo menos a alternativa de o poder dar aos animais. Mas existe outra faceta menos nobre nesta questão: consideramo-nos superiores aos animais, somos os inteligentes, os bichinhos que estão debaixo da nossa alçada não passam de instrumentos para nos sentirmos também poderosos: afinal de contas, dependem exclusivamente de nós, muitas vezes somos os únicos que sabemos da sua existência, podemos, se quizermos, matá-los, trancá-los num quarto escuro, dar-lhes comida fora de validade... Não vamos fazer isso, claro, mas sabemos que temos esse poder. Isto pode ser válido apenas para algumas pessoas, mas é de facto uma realidade. Quantos de nós não fomos já incomodar o gato para lhe fazer umas festinhas quando

o que ele mais quer é dormir, ou obrigamos o cão a tomar banho quando ele nem sequer molhar as patas lhe apetece? Depois há o facto de nos sentirmos mais humanos perto de um animal. Na medida em que continuamente nos comparamos com os outros, comparar-nos (fazemo-lo de forma inconsciente) com os nossos bichos faz-nos parecer maiores, superiores, inteligentes... Por vezes uma forma de nos sentirmos seres humanos não é caminhar entre os nossos iguais mas sim entre os animais.

É por todas estas razões, ainda que inconscientemente assim ajamos, que temos, precisamos, de um animal de estimação. Para as crianças é uma espécie de amigo com o qual evoluem no seu crescimento; para os adultos, a questão é outra: por vezes são a única companhia que têm ao longo dos dias que são sempre iguais, sempre cinzentos. São de extrema importância e devemos agradecer-lhes por tudo o que têm feito pela humanidade.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Solidão, a quanto obrigas!....

Este é um tema transversal a todas as classes, gerações e estados de saúde mental. É um fantasma tão assustador, que importa pensar em todas as pessoas que se sentem sós, na realidade por detrás do sentimento e perceber que as suas atitudes, embora à primeira vista desconcertantes aos nossos olhos, podem não passar de um acto de desespero. A solidão dói, pesa, e nem sempre existem formas disponíveis para nos livrarmos deste mal.
Que fazemos então, para atenuar este sofrimento?

Um americano de 20 anos de Nova Yorque, Jeff Ragsdale encontrou uma forma original para pôr fim à sua solidão, após o fim de um relacionamento em 2011: colocou o seu numero de telefone em panfletos de rua, com a mensagem: "liguem-me". Com esta forma inusitada angariou milhares de ligações de todo o mundo, acabando por transformar o seu conteúdo num livro intitulado "Jeff, One Lonely Guy". Jeff encontrou no telefone um canal de comunicação com um universo anónimo e o conselho que dá a quem se sente só é "ir atrás das pessoas". (fonte: http://www.saomiguelpoint.com.br/news/?noticia=12818)
Esta forma parece ser assustadora e apenas possível para alguém com uma dose de coragem excepcional. penso contudo que Jeff a utilizou como último recurso.           
    Senhora 60A Educada, boa apresentação, s/ família, c/ grandes dificuldades financeiras , angustiada pela solidão.Procura cav. livre que dê apoio, ajuda e companhia .Assunto de extrema sensibilidade. Sintra - 962404434. "
Este anúncio foi encontrado num jornal comum, e é exemplo de muitos outros que normalmente surgem neste e noutros meios de comunicação. A angústia, como a mesma senhora indica, move-a no sentido do encontro com outro ser humano, não importa que seja um desconhecido. A aposição do número de telefone ilustra bem esta ânsia.

Melinda Schmidt, uma norte-americana passa o dia a dar abraços na rua a quem não conhece, depois de se ter mudado para uma nova cidade na Carolina do Norte, sozinha. Foi esta a forma que encontrou para combater a solidão. Chamou-lhe "365 Days of Hugs". Em cada dia do ano esta mulher escolhe uma pessoa ao acaso e abraça-a, mantendo ainda na internet um blog sobre o tema, que já é considerado um sucesso.(fonte.http://www.ptjornal.com/201207189705/geral/insolito/norte-americana-passa-o-dia-a-dar-abracos-a-quem-nao-conhece.html  Pode ver o vídeo aqui: http://www.hooplaha.com/365-days-of-hugs/)

E você, cidadão comum, o que já fez para preencher esse vazio tão angustiante, que é a solidão? Conte-nos algumas coisas, verá que não será o único, por mais estranhas que lhe pareçam!


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

As respostas aprendidas

É durante a nossa primeira infância que se forma a nossa personalidade, se define quem somos. Perante as situações que nos surgem no meio ambiente em que vivemos, normalmente a família, encontramos respostas para elas. Muitas delas são-nos ensinadas, outras aprendemos de modo inconsciente. Um acontecimento provoca sempre uma resposta. Por exemplo, se alguém nos oferece algo, agradecemos, se vamos a um funeral, mostramos tristeza, se nos pisam gritamos. Nem sempre  estas respostas são genuínas, podem ser representações, formas de agir socialmente aceitáveis e como membros que somos dessa mesma sociedade,  comportamos-nos como "devemos". Mas as respostas não são sempre verbais ou representadas, genuinamente ou não. 
Ensinam-nos a amar, a ser felizes, a ser obedientes, a ser criativos: maneiras de ser e sentimentos. Mas nós aprendemos muito mais do que aquilo que nos ensinam, aprendemos por nós próprios. Aprendemos que quando em crianças que quando estamos doentes os nossos pais nos dão a atenção que gostaríamos que nos dessem todos os dias. A resposta para esta necessidade de atenção é adoecer, não conscientemente, não representando, mas de verdade; tememos a separação dos pais, aprendemos a viver ansiosos e apreensivos, agindo de forma passiva, passando a dar mais importância aos desejos dos outros que aos nossos próprios. São inúmeras as situações para as quais criamos respostas inconscientes e que não esquecemos pela vida fora. São estas lições de vida auto-aprendidas que nos tornam as pessoas que somos, autónomos ou dependentes, tendencialmente tristes ou alegres, activos ou passivos, seguros ou inseguros.
Quem se preocupa com o que está a ensinar às crianças? Haverá muitos pais hoje em dia mais sensibilizados para esta questão, mas nem sempre assim é ou foi. Criam-se adultos com determinados comportamentos que não são mais do que respostas aprendidas. Nem sempre os entendemos, culpamos-os pela forma como reagem, chamamos-lhe cobardes, violentos, mosca-morta, etc. Pergunto muitas vezes se se voltasse atrás e os colocássemos, enquanto crianças, noutro ambiente, se eles seriam como são.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

10 de Outubro - Dia Mundial da Saúde Mental


 São cerca de  450 milhões de pessoas que em todo o mundo sofre de algum tipo de perturbação mental ou de conduta. Entre elas,  a depressão é a que maior percentagem ocupa, e é já considerada a maior causa de incapacidade, temporária ou permanente. Verificou-se ao longo das últimas décadas, principalmente no mundo ocidental, mudança de paradigma demasiado rápida para a qual não houve tempo para as pessoas se adaptarem. Quem apanhou o comboio, tudo bem, quem não o apanhou foi atropelado por ele. Estas mudanças ocorreram no sentido de aumentar as exigências e as preocupações: já não basta trabalhar, têm que se ser o melhor, mais produtivo, novos métodos de ensino preparam as crianças e os jovens para um mundo agressivo, onde o que têm que fazer é competir para sobreviver, ter saúde tornou-se quase uma moda. Portugal tem um Plano Nacional para a Saúde Mental. Mas só funciona quando as doenças já estão adquiridas. É um bom começo, mas o foco está no aspecto terapêutico, quando devia estar também no preventivo. Prevenir, parece se coisa com que ninguém está preocupado.

O Dia Mundial da Saúde Mental, que se comemora a 10 de Outubro, foi instituído justamente para que as pessoas tomem mais consciência da dimensão deste flagelo. O tema para este ano é "Depressão: uma crise global". Nesta altura em que tanto se fala de crise a todos os níveis, vinha mesmo a calhar. Por todo o país irão ser tomadas iniciativas como seminários, colóquios, entre outros de expressão mais lúdica.

Portugal tem um Plano Nacional para a Saúde Mental. Mas só funciona quando as doenças já estão adquiridas. É um bom começo, mas o foco está no aspecto terapêutico, quando devia estar também no preventivo. Prevenir, parece se coisa com que ninguém está preocupado.

Esperamos que não seja só neste dia que se reflicta sobre este tema. Ele está de tal forma presente na nossa sociedade que se calhar justificaria que se fizesse o mesmo nos outros 364



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Conversa de mulheres - O progenitor perfeito

No meio de uma conversa de mulheres sobre o homem perfeito, Ana decidiu lançar uma questão no ar, tipo adivinha:
"- Quem escolherias para pai do teu filho se quisesses um dia ser mãe?"
Imediatamente todas as presentes, no seu íntimo, começaram a imaginar aquele que gostariam que juntasse os genes aos seus, o marido, o namorado, o apaixonado, alguém que tinham debaixo de olho ou simplesmente alguém que preenchesse mais requisitos na enorme lista do homem perfeito.
A questão pairou no ar durante alguns instantes, o silêncio da procura ou da reflexão pairou sobre a sala. Então Ana decidiu ajudar, dando sugestões, dentre as quais cada uma das mulheres teria que escolher uma.
" a) Einstein;
 b) Elvis Presley;
 c) Maathma Gandi;
 d) Pablo Picasso;
 e) José Castelo Branco"
As presentes, pensaram, pensaram e votaram. Os resultados dividiram-se entre os 4 primeiros nomes, justificados pela inteligência, bondade, dotes físicos, financeiros e artísticos.
Ana ficou boqueaberta com as respostas dadas.
"- Vocês não têm cérebro??" - Perguntou indignada, obtendo olhares de inquietude vindos de todo o lado.
"- Então, tu, que tens cérebro, - retorquiu uma das mulheres, com ar de ofendida - quem escolherias para pai do teu filho?"
Ana, calmamente respondeu:
"- José Castelo Branco, é claro!"
A risota foi total, mas como Ana não era considerada estúpida, pelo menos até àquela altura, alguém perguntou porquê, ao que ela, inteligentemente respondeu:
"- Porque de entre os cinco, é o único que está vivo!"
Dá que pensar, não dá??!!

domingo, 19 de agosto de 2012

As lentes com que vemos o futuro

Um dos sintomas da depressão é a nossa visão negra do mundo. A esperança reduz-se ao mínimo, por isso o futuro assusta-nos. Se o presente já nos deixa ansiosos, olhar para a frente e não ver nada de bom, mais agrava essa ansiedade. Para mim este sintoma só por si basta para identificar um quadro depressivo, embora a classe médica acrescente muitos outros. Este, pode desencadear todos os outros.
A palavra chave para vivermos felizes é "acreditar", "ter esperança". É isto que nos faz avançar, lutar, transpor   obstáculos e sorrir. Imagine então quando é justamente este pilar que está comprometido: a casa desmorona-se.   Sem esperança, o futuro parece demasiado duro, demasiado sombrio, demasiado negro. Por isso se sofre. Muitas vezes sentimos-nos como se estivéssemos num corredor da morte, à espera do dia final. É claro que não podemos olhar para a frente de forma positiva. 
Não temos culpa disto acontecer, contudo é sempre bom entender. Por alguma razão passam a existir duas "lentes" no nosso centro de discernimento: uma que aumenta as coisas más, os defeitos, a auto-piedade, a culpa, as más recordações, e outra que diminui as coisas boas, as boas memórias, a auto-estima. Provavelmente quando estamos bem, esses "objectos" não são lentes de aumentar ou diminuir, mas vidros normais, que permitem ver todas as coisas de modo equilibrado. Contudo, a existência dos mesmos dentro das nossas mentes, altera a nossa visão de tudo aquilo que nos rodeia e do mundo em geral. 
Temos que, apesar de estarmos a sofrer, resguardarmos um pouquinho da nossa capacidade de pensar, para pensarmos que os coisas não são como as estamos a ver. Elas estão normais, as lentes através das quais as vemos é que estão alteradas. Se entendermos isto, a esperança tem mais hipóteses de vencer.

O que se faz terapeuticamente, não deixa de ser  alterar os mecanismos que controlam essas "lentes" para que sejam repostos os vidros normais.

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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