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terça-feira, 13 de maio de 2014

Diagnóstico das doenças mentais



Pegando na publicação no forúm do Viver com Depressão (ver aqui), relativamente à problemática que a figura ilustra, Julgo haver pelo menos duas variáveis envolvidas: recursos (tempo, dinheiro, conhecimentos, etc...) e ideias pre-concebidas. 

Na visita de uma pessoa a um profissional de saúde mental, há por parte deste último uma ideia já tomada da direcção que o diagnóstico tomará, ou seja, este pressupõe à partida que se o paciente o consulta É porque sofre de patologia do foro mental. Além do mais, não é necessário muito esforço para conseguir enquadrar alguns aspectos do comportamento humano ou dos seus sentimentos em alguma doença deste foro, ainda que na sua forma mais ligeira. Estes factos predispõem o terapeuta a sobrevalorizar e direccionar a sua análise para a busca de sintomas psicológicos ou neurológicos.
Com esta perspectiva, depara-se com a componente "recursos". Por exemplo, o tempo médio para uma consulta de psicologia ronda os 50 minutos no máximo, mas psiquiatria e neurologia, já é com sorte que se consiga estar no consultório 30 minutos. Partindo do princípio que paciente e médico não se conhecem, parece-me extremamente pouco para conseguir fazer um diagnóstico adequado. Como tempo é dinheiro, e principalmente quando ele não abunda, por vezes as visitas acontecem com intervalos extremamente longos.

Se a direcção do diagnóstico já estava tomada como expliquei atrás, é imperativo por parte do médico tomar uma decisão quanto ao diagnóstico preciso, ou seja, qual a doença específica de que supostamente o paciente padece. Para tal baseia-se na descrição oral do doente e na análise do seu comportamento no consultório.
De facto, esta prática comum parece demasiado limitativa, ao não avaliar a pessoa no seu todo mas apenas na sua componente mental. Muitos sintomas são comuns em doenças mentais e físicas, como por exemplo a dor no peito. Ao ignorar (na medida em que não se direcciona a atenção para tal) a parte física, corre-se o risco de fazer um diagnóstico errado. Na medida em que o diagnóstico de uma enfermidade física se baseia em factos objectivos e passíveis de comprovar através de exames e outros métodos complementares, parece-me que fará sentido que se descartem primeiro qualquer hipótese de se tratar de um problema físico, antes de começar a entrar no foro mental.
Não são todos os profissionais que agem assim, contudo muitos há que agem conforme o descrito acima. O que é lamentável.



domingo, 9 de março de 2014

Aprender a viver - Os sentimentos também são aprendidos

*Imagem retirada do site http://elusapaz.blogspot.pt/
No lugar onde nasci, quando alguém morre, os familiares  vestiam-se de preto da cabeça aos pés, as mulheres punham um lenço na cabeça e um xaile de lã pelas costas (mesmo que estivéssemos no pico do verão), deixavam de pintar o cabelo e se usassem dentaduras postiças tiravam-nas. Se o falecido fosse o marido, isto durava toda a sua vida. Para além disto, deixavam de ir a festas, ouvir qualquer tipo de música, e até rir num convívio social. A vida praticamente acabava, quer se gostasse muito ou pouco da pessoa falecida.
Esta forma de comportamento, imposta pela tradição, educava para a tristeza, na medida em que, após a morte de alguém, era imperativo que também os vivos morressem para a vida, pois não lhes era permitido lutar contra isso. "Deverás sofrer", era o que implicitamente lhes era ensinado.
Quando cresci e me afastei daquele lugar, estes ensinamentos ficaram marcados no meu inconsciente. Perante um acontecimento triste, eu deveria ficar triste, ao invés de lutar para me sentir melhor. Ora isso teve como consequência que a depressão se instalasse, que me sentisse de certa forma "amarrada" àquele acontecimento para sempre, em vez de procurar uma solução que me devolva a alegria. Sempre que o instinto me levava a procurar essa tal solução, um sentimento de culpa apoderava-se de mim. Tudo isto se passava a nível inconsciente, eu nem me apercebia do que estava a acontecer. 
O ser humano é feliz por natureza. Força-lo, por força do que aprendemos, a ser triste, gera uma grande contradição dentro de nós, leva a uma luta interna que se traduz em depressões, ansiedade, angústia. É muito difícil cortar com tudo aquilo que aprendemos, por vezes durante toda a vida. Por vezes achamos que aquilo é que é certo e que todas as outras formas de comportamento estão erradas, o que torna a tarefa ainda mais difícil. Mas se não o fizermos, será muito complicado seguir o caminho da felicidade.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sabedoria da felicidade

*Imagem retirada do site http://viverplenitude.blogspot.pt/
A sabedoria não é um acumulado de estudos académicos; não mais sábio aquele que sabe todas as leis, aquele que é um excelente médico ou um excelente matemático, do que aquela dona de casa que nunca foi à escola ou aquele operador fabril que todos os dias executa a mesma tarefa. A sabedoria não se mede pelo número de livros que se leu ou pela complexidade dos cálculos que se executa. O verdadeiro sábio é aquele que sabe como ser feliz. É aquele que retirou de tudo o que leu, que viu, que ouviu, que observou, o melhor ensinamento, com vista a alcançar a plenitude da felicidade. 
De nada adianta ter todos os conhecimentos do mundo e ser infeliz. Não é a felicidade aquilo que procuramos nesta vida? Por vezes ouço pessoas que atingiram o topo das suas carreiras, que parecem saber tanto quanto uma enciclopédia, dizer que se sentem tristes, insatisfeitas. Por outro lado, ouço pessoas que nem ler sabem, falar da sua felicidade com um sorriso nos lábios.
As fontes da sabedoria podem ser muito variadas. Há os livros que nos ajudam, como por exemplo os de auto-estima, os psicólogos que nos aconselham, etc. Mas a lição mais importante vem da experiência e da observação. A experiência ensina-nos o que devemos e o que não devemos fazer, enfim, indica-nos o caminho, quanto mais não seja através do processo erro-correcção; a observação ensina-nos a distinguir o bem do mal, o certo do errado. 
Poderíamos então concluir que saberá mais quem mais velho for. Mas não é bem assim, a experiência não é o que nos acontece mas o que fazemos com o que nos acontece. Não adianta viver as coisas, é preciso aprender com a nossa vivência. 
Quem aprende? Aprende aquele que é humilde o suficiente para assumir que não sabe; aquele que tem abertura suficiente para abarcar novos valores, novas formas de ver o mundo, novas experiências; aquele que se consegue colocar no lugar dos outros, ver a vida por outros olhos; aquele que se permite sonhar, não parar de procurar; aquele que escuta e que observa. 
Não existe uma definição do que é certo. Encontramos desde a antiguidade muitos exemplos de sabedoria: os filósofos antigos, a Bíblia, tradições, ditos populares, etc. Eu diria que todos estão certos, na medida em que todos contribuem com alguma coisa para nos ajudar a encontrar a felicidade. Temos que filtrar tudo, adequar tudo à nossa época e à nossa realidade. Muitos ensinamentos parecer-nos-hão contraditórios, como por exemplo quando a Bíblia nos diz "amai os vossos inimigos" e as leis da justiça nos diz que podemos processar quem nos faz mal. Qual o correcto? Bom, cada qual saberá o que é melhor para si. Não deverá andar por aí impune aquele que comete um crime, mas sabemos que se lhe perdoarmos adquirimos uma paz interior que nos trará alegria maior que vermos essa pessoa na prisão. Algumas tradições como por exemplo a chinesa dizem-nos que é normal comer cão, enquanto para um europeu isso não é aceitável. Existem culturas em que a vida privada é um mito, enquanto por exemplo aqui na Europa prezamos muito essa faceta. Bom, não importa quão diferentes possam ser, o que importa é que cada uma tem qualquer coisa para nos ensinar. Por exemplo, deve haver uma razão para os chineses comerem cão. Falta de comida no passado, por exemplo. A lição que aprendi com eles foi que antes de julgar, devemos ver as coisas pelos olhos dos outros: como é que os chineses olham para os cães? Porque os comem? O que sentem em relação a isso? E o que faria eu se fosse chinesa? E o que pensam os chineses dos alimentos que nós comemos?
A forma mais eficiente de alcançar a felicidade é desenvolvendo a nossa auto-estima, a nossa relação com o mundo que nos rodeia, com os outros, com o universo. Tudo o que aprendemos que não nos ajude nisto, não tem muita utilidade. Porque no fundo, o que todos queremos é ser felizes, mais nada.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Alimentar emoções

*Imagem retirada do site http://gizmodo.uol.com.br/emocoes-corpo-humano/
Quando não queremos que algo vivo cresça, a melhor maneira que temos para a matar é não lhe dar de comer. Sem alimento, certamente irá definhar e morrer. O mesmo acontece com as emoções humanas: se não as alimentarmos, elas morrem. Isto tem um lado muito positivo: se nos queremos livrar daquelas que nos atormentam, o que temos a fazer é deixar de as alimentar. 
Como fazemos isso? Alimentamos-las de cada vez que temos comportamentos que lhes são favoráveis. Por exemplo, a ansiedade: se tivermos medo de alguma coisa que pensamos irá acontecer no futuro, alimentamos a ansiedade associada sempre que pensamos nela, que falamos nela, que juntamos na nossa mente algum ingrediente, ou seja, um novo receio. A ansiedade crescerá, ficará mais forte. No entanto se fizermos exactamente o contrário ela acabará por diminuir e/ou desaparecer.
Às vezes achamos que se falarmos nas coisas ajuda. Sim, ajuda desabafar. Mas cuidado, ao falarmos nelas, ao verbalizarmos, por vezes, estamos a dar-lhes comida. É ténue a fronteira que separa o aquilo que nos aliviará e aquilo que nos fará ficar pior. 
O mesmo princípio se aplica a emoções positivas, por exemplo à alegria. Mas neste caso, o preferível é que engorde bastante, por isso, toca a alimentá-la!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Medo das emoções positivas

O Homem é um animal de hábitos. E é bem verdade. Normalmente, quando pensamos nesta frase vêm-nos à memória comportamentos repetidos ao longo da vida. No entanto estes hábitos estendem-se também às emoções. 
Os hábitos caracterizam-nos, moldam a estrutura do nosso cérebro. Assim acontece com as emoções. Se repetidas ao longo do tempo, o cérebro familiariza-se com elas de tal forma que as considera normais. Normais, no sentido em que espera que ocorram, está preparado para que ocorram, e como tal aceita-as, não as rejeita. 
O que se passa é que por vezes ele só está habituado a emoções negativas, as positivas são raras e pouco intensas. Quando ocorrem, são uma novidade. Perante tal, não sabe como se comportar. Apesar de o consciente lhe dizer que são boas, não havendo registo com o qual as possa comparar, o que imediatamente se verifica é um aumento da ansiedade associada. Mesmo aquilo que é bom, como pode o cérebro avaliar se o é ou não, aquilo que desconhece e para o qual não tem base de comparação? Tem que se conhecer o que é bom para se querer experimentar o que é bom, caso contrário, é difícil acreditar que essa sensação existe, ainda mais quando o historial apenas apresenta um rol de coisas más.
O desconhecido causa medo, ansiedade. Estamos programados para evitar estas sensações. Aquilo que nos é dito pelo consciente que irá causar emoções positivas, é recebido pelo cérebro com desconfiança, despoletando uma série de emoções negativas. Por exemplo, se alguém está habituado a comer algo amargo, de que não gosta, e desconhece o sabor do açúcar, como se sentirá quando alguém lhe sugerir que um bolo é doce e que o doce provoca sensações agradáveis? Medo. Medo de não ser verdade e de ficar desapontado, medo de o doce não ser tão bom quanto aquilo que lhe dizem ser, medo de que a sua língua não goste do sabor doce. O mesmo acontece com as emoções. 
É por isso que muitas vezes vemos pessoas que enveredam por estilos de vida que repetidamente lhes trazem emoções negativas, rejeitando aquilo que as faria sentir melhor, pelo menos a avaliar pelos padrões da maioria das pessoas.  

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Acatisia

A palavra deriva do grego καθίζειν, ou kathízein, que significa "sentar", dando-lhe o prefixo "a-" o sentido de negação ou ausência. Trata-se de uma síndrome psicomotora que se manifesta pela impossibilidade de estar quieto. Caracteriza-se pela inquietação, ansiedade, parestesia, agitação e vontade de se mover o tempo todo. Trata-se de um efeito colateral de algumas drogas, nomeadamente do grupo dos anti-psicóticos (neurolépticos), tais como butirofenonas, ou também bloqueadores dos canais de cálcio, buspironas metoclopramides e agentes dopaminérgicos. Os anti-depresssivos do grupo Inibidores Selectivos de Recaptação da Serotonina (SSRI) podem causar acatisia como parte dos seus efeitos colaterais. Entre eles encontram-se a Paroxetina, o Zoloft e Fluoxetina. Os tratamentos mais sugeridos são betabloqueadores, benzodiazepínicos e anticolinérgicos. Pedemos encontrar também como causadores deste síndroma a Trazodona e a Venlafaxina.
Este símdrome é causado devido a um aumento dos níveis do neurotransmissor norepinefrina, que conduz a um aumento da ansiedade, agressão, excitação e estado de alerta. Pode também ser associado a uma ruptura dos receptores NMDA (entre outras controla as funções de plasticidade sináptica de norepinefrina.  
Muitas vezes a acatisia é confundida com o Síndrome das Pernas Inquietas pela semelhança dos sintomas. 
O psiquiatra Lars K. Hansen propõe um programa de relaxamento com duração de apenas doze minutos que envolve exercícios de respiração e de redução da tensão que pode ajudar a reduzir a acatisia em pacientes com determinadas enfermidades tais como a esquizofrenia crónica e que não respondiam ao tratamento recebido para tratar a acatisia.
Estima-se que este flagelo atinge 50 a 70% dos pacientes que receberamantipsicóticos de primeira geração, taxas não muito diferentes das encontradas entre aqueles que receberam os de segunda geração (os primeiros vieram substituir os segundos com a promessa de diminuir a intensidade destes efeitos). Entre os que recebem tratamento com anti-depressivos, a taxa varia entre os 5 e 10%.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A felicidade é uma opção

Todos queremos ser felizes. Porém, a maior parte das pessoas não tem como objectivo alcançar esse fim. Ou seja, é como desejar ganhar o euromilhões sem sequer jogar! Mas no que concerne ao estado de felicidade, não há nenhuma chave de sorteio que automaticamente no-lo atribua: a felicidade tem que ser construída, depois cuidada para que não esmoreça.

Quase toda a gente diz que se esforça por ser feliz, mas que essa felicidade nunca chega. Será que estão a fazer alguma coisa errada? Acho que sim. É que temos tendência a procurá-la em todo o lado excepto onde devemos: vemo-la como dependendo do exterior, do dinheiro, dos amigos, da família, do amor, da saúde. É claro que isto contribui em muito para atingir esse estado, mas quantas pessoas conhecemos que têm tudo isso e se sentem miseravelmente infelizes?

A felicidade é uma OPÇÃO! Temos que optar por ser felizes. A nossa educação e a tendência pessimista da sociedade em que vivemos, em que se valorizam mais as coisas negativas que as positivas, onde nos ensinam que a felicidade é a ausência de coisas negativas, achamos que não temos sequer direito a ela, que ela é uma espécie de bónus a que apenas alguns têm direito. Olhamo-la como algo distante, que vem de fora, invejamos quem a possui... Encontramos sempre mil e um culpados para que ela não nos tenha ainda batido à porta.
A verdade é que ela nos está sempre a bater à porta, nós é que não a abrimos, nem sequer ouvimos. Procuramos grandes alegrias e ignoramos as pequenas, mas damos imensa importância às pequenas tristezas!  Em primeiro lugar, temos que nos convencer que temos direito a ela. Não está escrito em parte nenhuma que devemos penar. A alegria pode coexistir com a tristeza, pois estas duas emoções são tratadas em partes diferentes do cérebro, logo é errado pensar que uma é a ausência da outra; depois, há que vê-la como um objectivo a atingir, o objectivo maior da nossa vida. Há que tomar a opção de ser feliz. Até pode ser que o mundo esteja todo contra nós, pois o que conta é o que decidimos, se decidimos entregar-nos à tristeza ou à alegria, se decidimos dar mais importância à primeira que à segunda. Somos livres, em última análise, em permitir que determinado facto nos atinja ou não. Podem lançar-nos uma pedra, isso não depende de nós. A pedra pode ferir-nos, também não depende de nós. O que depende de nós é se vamos ou não deixar que esse acontecimento nos retire a nossa felicidade.

Sei que é difícil de compreender, mas o que vejo à minha volta são pessoas que se habituaram a ver a felicidade ao longe e por mais que a desejem por perto, têm medo de encurtar as distâncias entre elas.

Já agora, é feliz?

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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