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Desde o nascimento que somos bombardeados com experiências menos boas. O bebé chora e a mãe demora a consolá-lo, quer um brinquedo e é-lhe negado. Quando cresce é obrigado a ir para a escola, encontra colegas que não o aceitam bem, gostava de ter roupas que os pais não podem comprar. Na adolescência apaixonam-se e não são correspondidos, têm desilusões com amigos, os pais divorciam-se, o gato morre. E assim por diante.
Todos nós passamos por situações menos boas ao longo da vida. Não há excepções. Mas nem todos lidamos com as experiências negativas da mesma forma. De facto, perante uma mesma situação, haverá reacções diferentes. Por exemplo, no exemplo acima citado em que o adolescente quer uma roupa que os pais não podem comprar. De que forma é que este acontecimento o fará sentir mal? Três coisas têm que acontecer em simultâneo:
- A comparação: muita da infelicidade surge porque constantemente nos comparamos com outras pessoas. Os outros têm, e eu não; os outros podem e eu não; os outros conseguem e eu não. O eu é constantemente comparado com os outros. Achamos que os outros são felizes porque têm, podem ou conseguem o que nós não. Instala-se um sentimento de inferioridade que mina a auto-estima, desencadeando a infelicidade;
- O que nos dizem para sentir: perante um dado acontecimento, somos ensinados como reagir. Se uma pessoa morre, devemos chorar; se o namorado nos deixa, devemos sentir-nos tristes; se não temos dinheiro, devemos sentir-nos mal;
- A repetição: se um acontecimento se repete muitas vezes ou as experiências negativas não param de acontecer, a tendência, o cérebro habitua-se a um estado de mal-estar.
Podemos então concluir que a infelicidade deriva da socialização. Ou seja, à medida que nos misturamos com os outros, expomos-nos à infelicidade.
Será que se nunca tivéssemos conhecido ninguém desde que nascemos, seríamos sempre felizes? Provavelmente, mas não temos ninguém para prová-lo.
Ainda assim, muitas pessoas são sujeitas aos mesmos acontecimentos e nem todas são infelizes. A razão é que algumas pessoas estão mais viradas para elas próprias e outras para os outros e o mundo à sua volta. Pensar constantemente no "Eu" faz com que interiorize-mos os acontecimentos de forma mais profunda. E isso faz toda a diferença.