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domingo, 20 de dezembro de 2015

Deixar de acreditar

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O que mais custa é quando deixamos de acreditar. Ou a razão porque deixamos de acreditar. Mas vai dar tudo no mesmo. Quando nos fartamos de lutar, estamos esgotados, sem forças. E então baixamos os braços. Porque esforçamos-nos tanto e só recebemos desilusões. Porque acreditamos tanto e afinal acreditamos em algo que nunca foi real. Porque amamos tanto e até isso foi interpretado de forma errada. Porque nos sentimos sozinhos, vazios, sem nada...

Tanto faz que o rio corra para baixo ou para cima. Tanto faz que tenha caviar para comer ou um pedaço de pão duro. Tanto faz que use diamantes ou pedaços de plástico tosco.
Tudo neste mundo é transitório. Principalmente as pessoas. As pessoas nunca ficam muito tempo. Na hora do olá já se sabe que vai haver um adeus. 

O que resta se tudo o que nós queremos é impossível? Resta apenas o que não queremos. É suposto vivermos felizes apenas com o que não queremos, com o que nunca pedimos, com o que nos é imposto? Mas de que é que isto interessa a alguém?! Sabemos que ninguém sequer se importa, que vai continuar a ser sempre assim. Sabemos que podemos chorar a vida inteira que ninguém sequer pergunta. E mesmo que perguntem, já não há resposta a dar. Nenhuma resposta melhora nada, só piora. Sabemos-lo pela experiência, sentimos-lo pela frieza que nos rodeia, pelo ar que custa a respirar, pela indiferença. 

Acreditar não depende da nossa vontade consciente. Depende do nosso ser mais profundo. E no nosso ser mais profundo, as cicatrizes nunca se apagam. As feridas nunca saram totalmente. Então a única coisa que queremos é ficarmos quietinhos, em posição fetal, longe de tudo e de todos, para que nada nos toque nas feridas. Elas já doem só por si. Ninguém tem prazer em se expor para ser magoado.

Há merdas que doem mesmo muito. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Transtorno da Ansiedade Generalizada - Efeito Bola de Neve

Fonte da imagem: http://canal.bufalo.info/2014/12/
investimentos-bufalescos-segurem-essa-bola-de-neve/
A ansiedade é normal até certos níveis. Passa a ser patológica quando começa a causar sofrimento. No entanto, se se caracteriza por uma tensão excessiva, um nervosismo crónico e preocupação excessiva, não podendo ser associada a uma situação ou objecto específico, apresentando-se de forma difusa, com um constante e indescritível sentimento de medo, apreensão e inquietação, estamos perante um Transtorno da Ansiedade Generalizada. 

Um dos problemas deste transtorno - além do sofrimento que causa só por si - é o efeito "bola de neve". Ou seja: a ansiedade generalizada gera um estado de vigília constante, ou seja, passa-se a estar demasiado atento a tudo o que se relacione com a nossa sobrevivência física ou a outros factores cujo desequilíbrio falha associamos a catástrofe um sofrimento insuportável, como o caso das relações, do emprego, etc.. Este estado de vigília e tensão permanente faz com que os pensamentos e preocupações relacionadas não saiam da nossa cabeça, eles aparecem como intrusos, independentes da nossa vontade. É impossível desligar a ficha, impedindo-nos de nos concentrar em outras coisas, de nos distrairmos e de relaxarmos.

Num estado assim, os músculos ficam tensos e rígidos, aparecem algumas dores no corpo, problemas gastrointestinais e náuseas e perturbações do sono (quem consegue dormir bem em estado de vigília constante!?... Se não dormirmos, se nunca nos sentimos relaxados, o que acontece é que nos iremos sentir cada vez mais cansados. No entanto, a par com este cansaço, o estado de hiper-vigília também aumenta. Então, em vez de cedermos ao cansaço e por exemplo dormirmos melhor, o que acontece é que cada vez nos é mais difícil relaxar e dormir. A ansiedade gera ansiedade, que por sua vez aumenta o estado de vigília; a dificuldade ou impossibilidade em descansar aumenta o cansaço, a falta de concentração, o medo, a tensão, as dores no corpo, a preocupação; isto alimenta a ansiedade e por aí adiante. Estamos perante um efeito bola de neve, com repercussões imprevisíveis na nossa vida, a todos os níveis. 

Como nos livrarmos disto e voltar à vida normal? Procurando ajuda. Nestes casos, há mesmo que procurar ajuda profissional, afim de parar esta escalada e invertê-la. Em casos extremos, a terapia farmacológica é fundamental, conjugada com psicoterapia. Dormir e relaxar é uma prioridade, por isso os calmantes ou indutores do sono reduzem um dos maiores sofrimentos decorrentes do Transtorno da Ansiedade Generalizada. Muitas vezes existem outras perturbações mentais associadas como depressão, ataques de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, etc., daí que a terapia seja imprescindível tratar também estes problemas. A psicoterapia vai ajudar-nos a lidar com tudo.
O melhor é parar esta bola de neve de crescer. Actuar quando ela ainda é pequenina, pelo que devemos estar atentos ao facto de ela se estar a desenvolver, e pará-la o mais rápido possível, não deixando arrastar porque depois torna-se muito mais difícil e demorada a recuperação. 


domingo, 19 de julho de 2015

Pôr em causa toda a vida

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Às vezes, não adianta tentar encontrar soluções temporárias para problemas que se prolongam ou repetem. Às vezes perguntamos porque determinadas situações se repetem, vezes sem conta, façamos o que façamos. Às vezes temos que pôr em causa a vida toda. Coragem? Temos que tê-la, ou então viveremos sempre na mesma porcaria a vida toda. 
Será que tudo aquilo em que acreditamos, em que apostamos a nossa vida inteira, vale mesmo a pena? Será que não estamos a ir atrás do fácil, do socialmente aceitável, do que os outros esperam de nós? Levamos uma vida inteira a convencermos-nos de determinadas coisas que nós próprios achamos que não há mais nada para além da vidinha que levamos.
Há que dar um murro na mesa. Que virar a vida do avesso, mesmo que isso implique arriscar a vida, porque por vezes tem mesmo que ser assim. É a mudança ou anular a nossa auto-estima, é revirar a vida ou permanecer na angústia e na depressão. Porque por vezes a terra necessita de uma tempestade para que cresçam flores.

domingo, 17 de maio de 2015

O silencio é como uma parede que divide


Resultado de imagem para silencioDetesto silêncio! O silêncio da não-comunicação mais do que o silêncio da solidão. No primeiro o sofrimento é duplo, porque está alguém contigo mas existe uma barreira invisível que tu não consegues entender; no segundo, tu sabes que o silêncio é consequência natural de não teres ninguém com quem comunicar.
O silencio é repelente. Leva as pessoas a procurar outros meios de quebrar o silêncio. Meios nem sempre os que quer, nem sempre os mais correctos. A parede invisível funciona exactamente como uma parede de cimento: divide, torna o outro inacessível. Se não falam contigo, se tudo o que tens para dizer não interessa ao outro, isto é a semente do silêncio.

O silencio é ensurdecedor. Grita tão alto que fere os teus ouvidos como nenhum outro som. Se calhar por isso procurar ouvir música, não consegues parar por um instante, para não teres que ouvir o seu som.
O silêncio mata. Mata relações, mata pessoas, mata negócios, mata o amor. Não passa de um assassino.
Muitas pessoas não sabem que estão a ser vítimas deste silêncio. Sabem quando é que não estamos a sê-lo? Quando paramos todos os sons, a ponto de conseguirmos ouvir-nos a nós mesmos, e sentirmos-nos bem, ao invés de angustiados. Quando desligamos o rádio ou a tv e não sentimos falta deles. Quando damos a mão ao nosso/a companheiro/a, filho/a, pai/mãe, etc, e olhamos nos olhos e sorrimos, porque sabemos que fomos ouvidos e que nos ouviram, mesmo sem dizer uma palavra.

domingo, 10 de maio de 2015

É proibido ter vida pessoal!

Este post é uma cópia integral do blog farinhademandioca.wordpress.com/ (link), pois expressa exactamente o que se passa com a maioria das relações laborais em Portugal, ainda que por vergonha ou medo, muitos funcionários continuem achando que está tudo bem, e que têm é sorte por terem emprego.

"É PROIBIDO TER VIDA PESSOAL



A ordem é trabalhar. Você trabalha pouco e vive muito. Está na hora de parar de viver. Quer moleza? Senta no pudim. Engole o choro. Onde já se viu chorar no trabalho?

Vai, anda, baiano folgado. Está com saudade da mamãe? Trabalha que passa. Tem uma fila enorme na porta querendo seu lugar.

Não está conseguindo trabalhar? Pede mesada pro papai. É isso ou não é nada. Não está feliz? Vai embora.

É perda de tempo fazer curso de línguas ou um esporte para ficar em forma. Primeiro porque você não vai ter tempo de ir, segundo porque seu jantar vai ser pizza com coca pet.

Lembre-se da minha entrevista de emprego: perguntei se você morava só ou dividia apartamento, se tinha filho, se cursava uma universidade. Tem que ser bom e barato.
Quebrou o pé? Pega táxi. Não tem prazo? Vira a noite. Separou? Sorte sua. Cada um tem o que merece.

Que porra de trabalho é esse? Não tem medo de perder o emprego? Isso que dá contratar nordestino. Volta pra pátria que te pariu, filhote de cruz credo.

Nem seguro desemprego você merece. Vou te demitir por justa causa. Está no contrato. Quem mandou ter vida pessoal?"

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O sobrevivente

Fonte da imagem: www.jumbo.pt
Dois ratos caíram num balde de leite. Um deles afogou-se e morreu. O outro começou a dar às patinhas com toda a força que podia de forma a conseguir manter-se à tona. Tanto nadou, tanto nadou que, esgotado, desmaiou.
Na manhã seguinte, quando acordou, estava em cima de uma bola de manteiga.
Então o leiteiro veio, pegou no balde, viu o rato e matou-o
Eu sou o segundo rato.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Não fomos desenhados para ser infelizes

Fonte da imagem: http://kleluz.blogspot.pt/2012/12/infelicidade-alheia.html
O ser humano trás no seu ADN todas as directivas para formar um corpo físico, com todas as funcionalidades necessárias à vida e continuação da espécie, mas não só. Porque o ser humano não é só corpo mas é dotado de inteligência e consciência. Quer elas advenham ou não da organização física das células do nosso cérebro, à semelhança do ADN, foram criadas para serem perfeitas, dotarem o seu detentor de todas as funcionalidades que lhe são inerentes. 

Uma das "consequências" de sermos inteligentes e termos consciência é termos sentimentos. Os sentimentos advêm das emoções, mas têm muito a ver com a forma como lidamos com elas e da interpretação subjectiva que cada pessoa lhes dá. 

A estrutura básica das emoções não conduz à infelicidade enquanto sentimento predominante. As emoções, mesmo as negativas, duram apenas alguns minutos e têm funções específicas de sobrevivência e continuação da espécie. Ou seja, não foram concebidas para construir sentimentos de infelicidade, muito pelo contrário. Por exemplo, a emoção de tristeza, transversal a muitas espécies de mamíferos, perante a morte de alguém querido. Esta emoção negativa está ligada à emoção de amor. que queremos prolongar e que a morte nos impede de poder usufruir dela. Mesmo nestes casos, deverá ser limitada no tempo, sobrepondo-se a ela todas as outras que impelem o ser para o fim para o qual foi desenhado: sobreviver. Para sobreviver necessitamos de procurar alimento, cultivar relações de amizade/amor, procurar segurança e conforto. Esta busca activa não se coaduna com um estado de infelicidade, que não é mais do que a resignação a um estado de sofrimento. A procura activa da felicidade elimina a infelicidade proveniente do sofrimento, pois actua como um propulsor que nos obriga a seguir em frente e não a parar e ter pena de nós mesmos.

Se foi desta forma que fomos construídos, desde a nossa concepção no ventre materno, porque então tantas pessoas são infelizes? O que correu mal? O que correu mal é que o ser original foi influenciado por tantas coisas que mal se vislumbra por baixo de tantas influências. A forma como fomos ensinados ou as experiências que fomos adquirindo moldaram-nos. O livre arbítrio que tínhamos inicialmente foi substituído por um conjunto de "instruções" que consciente ou inconscientemente damos a nós próprios sobre como lidar com as nossas emoções. E, quer acredite quer não, por vezes essas "instruções" conduzem-nos à infelicidade, mesmo que provenham de nós próprios.  São como um desenho ao qual se vão acrescentando pormenores à medida que caminhamos pela vida. A dada altura, a imagem já não tem nada a ver com a inicial, e nem sequer sabemos que traços apagar, nem sequer quais os quer foram acrescentados.

domingo, 16 de novembro de 2014

Stress, Cortisol e Depressão: nova descoberta

Fonte da imagem: http://corposuplemento.com.br/blog/saude/o-hormonio-cortisol/
Quero publicar aqui, na íntegra, um artigo do Dr Drauzio Varella, publicado  no site http://drauziovarella.com.bre que mostra uma perspectiva diferente sobre a causa da depressão, e que nos dá uma esperança no sentido de se encontrar uma cura mais eficaz e duradoura para este mal que aflige tanta gente em todo o mundo. Estudos recentes têm posto em evidência o papel do stress no desencadeamento das depressões, principalmente nos efeitos da hormona associada, o cortisol.

"Na depressão, o existir é um fardo insuportável. “A tristeza é tanta que acordo pela manhã e não encontro razão para levantar; só saio da cama porque permanecer deitada pode ser pior”, queixou-se uma senhora depois do terceiro episódio da doença. “Na depressão, a vida fica por um triz”, observou ela.
Depressão é a tristeza quando não tem fim, quadro muito diferente do entristecer passageiro ligado aos fatos da vida. É uma doença potencialmente grave que interfere com o sono, com a vontade de comer, com a vida sexual, com o trabalho, e que está associada a altos índices de mortalidade por complicações clínicas ou suicídio É a mais comum de todas as enfermidades psiquiátricas, acomete mais as mulheres e apresenta caráter recidivante: depois do primeiro episódio, a probabilidade de ocorrer outro é de 50%; depois do segundo, sobe para 75%; e, depois do terceiro, para pelo menos 90%.
Se é uma doença psiquiátrica, que alterações acontecem no cérebro das pessoas deprimidas?
Há 40 anos a explicação mais aceita tem sido a de que no cérebro dos deprimidos haveria diminuição da produção de certos neurotransmissores (substâncias que agem na transmissão de sinais entre os neurônios), entre os quais a serotonina provavelmente exerceria papel preponderante.
A ideia de que baixos níveis de serotonina em certas áreas do cérebro seriam a causa da depressão foi reforçada pela demonstração de que o aparecimento de medicamentos capazes de aumentar as concentrações cerebrais desse neurotransmissor (das quais as mais populares são a fluoxetina e a sertralina) beneficiou grande número de pacientes.
Nos últimos dez anos, no entanto, a hipótese dos níveis inadequados de serotonina passou a ser cada vez mais contestada. O principal argumento contrário a ela foi o de que, embora concentrações diminuídas desse neurotransmissor tenham sido detectadas no sistema nervoso central de vítimas de tentativas violentas de suicídio, nunca foi possível demonstrar deficiência de serotonina no cérebro de pacientes deprimidos.
Em edição especial, a revista “Science” traz uma discussão sobre o conjunto de ideias mais aceito atualmente para explicar a depressão: a hipótese do estresse.
Segundo essa hipótese, em resposta aos estímulos agressivos do ambiente, o hipotálamo produz um hormônio (CRF) para convencer a hipófise a mandar ordem para as suprarrenais produzirem cortisol e outros derivados da cortisona.
Diversos trabalhos experimentais mostraram que esses hormônios do estresse (CRF, cortisol e outros) prejudicam a saúde dos neurônios, porque modificam a composição química do meio em que essas células exercem suas funções. A persistência do estresse altera de tal forma a arquitetura dos circuitos neuronais que chega a modificar a própria anatomia cerebral. Por exemplo, provoca redução das dimensões do hipocampo, estrutura envolvida na memória, e área fundamental para a ação das drogas antidepressivas.
Pesquisadores da Universidade de Emery, em Atlanta, demonstraram a existência de períodos críticos na infância em que sofrer violência física, abuso sexual, ausência de cuidados maternos e outros tipos de estresse emocional podem conduzir à hipersecreção de CFR no hipotálamo, com consequente liberação de cortisol pelas suprarrenais, alterações associadas à depressão na vida adulta. Os pesquisadores concluíram que “muitas das alterações neurobioquímicas encontradas na depressão do adulto podem ser explicadas pelo estresse ocorrido em fases precoces da infância”.
De fato, no estudo clínico conduzido em Atlanta, 45% dos adultos com quadros depressivos de pelos menos dois anos de duração haviam sido abusados, negligenciados ou sofrido perda dos pais na infância.
Outro achado importante para definir o papel dos hormônios do estresse foi a demonstração recente de que a injeção de CRF diretamente no cérebro de animais de laboratório induz o aparecimento de quadros típicos de depressão e de distúrbios de ansiedade, sugerindo que depressão e ansiedade tenham mecanismos comuns e possam ser induzidas por fatores semelhantes. Talvez seja essa a justificativa para a maioria das pessoas com depressão na vida adulta referir personalidade hiper-ansiosa na infância e adolescência.
Neurocientistas proeminentes defendem a teoria de que o mecanismo através do qual o estresse induziria depressão estaria ligado ao hipocampo: os hormônios do estresse suprimiriam o nascimento de novos neurônios nessa estrutura crucial para o processamento da memória. Tal suspeita ganhou ímpeto especialmente depois da publicação, meses atrás, de uma descoberta inesperada: depois de duas ou três semanas de tratamento com drogas antidepressivas começam a nascer novos neurônios no hipocampo (neurogênese). Esse achado explicaria também por que, apesar de os antidepressivos elevarem imediatamente os níveis cerebrais de serotonina, sua ação benéfica só se manifesta semanas mais tarde.
O conhecimento da arquitetura dos circuitos cerebrais envolvidos na depressão adquirido nos últimos dez anos provocou uma explosão de ensaios terapêuticos com drogas dotadas de mecanismos de ação muito diferentes das atuais. Estamos no limiar de descobertas que revolucionarão o tratamento dessa enfermidade tão debilitante."

domingo, 21 de setembro de 2014

Sabe quando é altura de tomar um calmante?

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Resposta lógica à pergunta do título: quando estamos enervados, stressados ou ansiosos. Mas saberemos todos responder à pergunta: sabe quando está enervado, stressado ou ansioso? Esta resposta é mais difícil. Nem todos sabemos responder.

Estes estados manifestam-se de forma diferente de pessoa para pessoa e por vezes conforme a situação. Daí, não haver uma check-list de "sintomas" universalmente aceite que possamos picar afim de concluir se está na altura de tomar medidas para acalmar.
Eis alguns dos "sintomas" que nos levam a pensar que não estamos ansiosos nem stressados:

  • - "Sinto sono" - Nem sempre é um indicativo de que esteja calmo. A ansiedade elevada (ver post Tensão em demasia causa sono) causa sono;
  • - "O que eu tenho são dores de estômago, deve ser qualquer coisa que comi" - Atenção, uma das principais causas dos problemas gastrointestinais é o stress!;
  • - "Estou cansado/a porque tive muito trabalho" - Será?! Quantas vezes você não teve muito mais trabalho e se sentiu muito melhor?;
  • - "Sinto-me fraco/a porque não me tenho alimentado correctamente" - Se bem que a principal causa da fraqueza seja a insuficiente alimentação, por vezes o stress e ansiedade esgotam o corpo produzindo sintomas semelhantes;

Quando um estado ansioso é lento mas progressivo, às vezes nem nos apercebemos que estamos ansiosos. Aquele estado parece-nos normal, quase já nem nos lembramos de como nos sentíamos antes. Daí que muitas vezes não consigamos reconhecer o quanto mal estamos. O mesmo se passa com o stress. 

Conheça melhor o seu corpo. Interrompa a progressão de estados ansiosos e de stress antes que se tornem de tal forma graves que prejudiquem a sua vida e bem estar. Aprenda a reconhecer o momento em que deve tomar medidas para retornar à sua paz.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O síndrome do "Coitadinho"

"Coitado de mim!" é uma frase que se lê nos olhos de muita gente...
Elas estão no centro do universo, avaliando a sua própria situação a partir de ideias pré-concebidas e da assumpção de valores de humildade distorcidos em que ser vítima é desejável. A auto-piedade anula e substitui os instintos normais de fuga à dor (física e psicológica). Mais do que incentivos à libertação, eles preferem ouvir coisas como "Tenho pena de ti", "Coitado!". Provavelmente já se aperceberam das vantagens imediatas: têm mais mimos, mais atenção, mais compreensão. Contudo, não lhes resta muita vontade para mudar a situação. O que preferem ouvir dos outros é aquilo que também preferem ouvir de si próprios. Esta atitude passiva de submissão está provavelmente de acordo com a sua educação e vivências anteriores: os maus acontecimentos da vida sucedem-se, muitas vezes não são evitados ou são inconscientemente provocados; a sensação de que não podem fazer nada por si apodera-se deles e é alimentada pela auto-piedade. 
Estas pessoas não vêm em si próprias a fonte da força para sair da situação em que se encontram. Entram num marasmo psíquico, num ciclo vicioso que as conforta e afasta o medo do desconhecido, ainda que esse desconhecido seja a liberdade.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Diagnóstico das doenças mentais



Pegando na publicação no forúm do Viver com Depressão (ver aqui), relativamente à problemática que a figura ilustra, Julgo haver pelo menos duas variáveis envolvidas: recursos (tempo, dinheiro, conhecimentos, etc...) e ideias pre-concebidas. 

Na visita de uma pessoa a um profissional de saúde mental, há por parte deste último uma ideia já tomada da direcção que o diagnóstico tomará, ou seja, este pressupõe à partida que se o paciente o consulta É porque sofre de patologia do foro mental. Além do mais, não é necessário muito esforço para conseguir enquadrar alguns aspectos do comportamento humano ou dos seus sentimentos em alguma doença deste foro, ainda que na sua forma mais ligeira. Estes factos predispõem o terapeuta a sobrevalorizar e direccionar a sua análise para a busca de sintomas psicológicos ou neurológicos.
Com esta perspectiva, depara-se com a componente "recursos". Por exemplo, o tempo médio para uma consulta de psicologia ronda os 50 minutos no máximo, mas psiquiatria e neurologia, já é com sorte que se consiga estar no consultório 30 minutos. Partindo do princípio que paciente e médico não se conhecem, parece-me extremamente pouco para conseguir fazer um diagnóstico adequado. Como tempo é dinheiro, e principalmente quando ele não abunda, por vezes as visitas acontecem com intervalos extremamente longos.

Se a direcção do diagnóstico já estava tomada como expliquei atrás, é imperativo por parte do médico tomar uma decisão quanto ao diagnóstico preciso, ou seja, qual a doença específica de que supostamente o paciente padece. Para tal baseia-se na descrição oral do doente e na análise do seu comportamento no consultório.
De facto, esta prática comum parece demasiado limitativa, ao não avaliar a pessoa no seu todo mas apenas na sua componente mental. Muitos sintomas são comuns em doenças mentais e físicas, como por exemplo a dor no peito. Ao ignorar (na medida em que não se direcciona a atenção para tal) a parte física, corre-se o risco de fazer um diagnóstico errado. Na medida em que o diagnóstico de uma enfermidade física se baseia em factos objectivos e passíveis de comprovar através de exames e outros métodos complementares, parece-me que fará sentido que se descartem primeiro qualquer hipótese de se tratar de um problema físico, antes de começar a entrar no foro mental.
Não são todos os profissionais que agem assim, contudo muitos há que agem conforme o descrito acima. O que é lamentável.



domingo, 9 de março de 2014

Aprender a viver - Os sentimentos também são aprendidos

*Imagem retirada do site http://elusapaz.blogspot.pt/
No lugar onde nasci, quando alguém morre, os familiares  vestiam-se de preto da cabeça aos pés, as mulheres punham um lenço na cabeça e um xaile de lã pelas costas (mesmo que estivéssemos no pico do verão), deixavam de pintar o cabelo e se usassem dentaduras postiças tiravam-nas. Se o falecido fosse o marido, isto durava toda a sua vida. Para além disto, deixavam de ir a festas, ouvir qualquer tipo de música, e até rir num convívio social. A vida praticamente acabava, quer se gostasse muito ou pouco da pessoa falecida.
Esta forma de comportamento, imposta pela tradição, educava para a tristeza, na medida em que, após a morte de alguém, era imperativo que também os vivos morressem para a vida, pois não lhes era permitido lutar contra isso. "Deverás sofrer", era o que implicitamente lhes era ensinado.
Quando cresci e me afastei daquele lugar, estes ensinamentos ficaram marcados no meu inconsciente. Perante um acontecimento triste, eu deveria ficar triste, ao invés de lutar para me sentir melhor. Ora isso teve como consequência que a depressão se instalasse, que me sentisse de certa forma "amarrada" àquele acontecimento para sempre, em vez de procurar uma solução que me devolva a alegria. Sempre que o instinto me levava a procurar essa tal solução, um sentimento de culpa apoderava-se de mim. Tudo isto se passava a nível inconsciente, eu nem me apercebia do que estava a acontecer. 
O ser humano é feliz por natureza. Força-lo, por força do que aprendemos, a ser triste, gera uma grande contradição dentro de nós, leva a uma luta interna que se traduz em depressões, ansiedade, angústia. É muito difícil cortar com tudo aquilo que aprendemos, por vezes durante toda a vida. Por vezes achamos que aquilo é que é certo e que todas as outras formas de comportamento estão erradas, o que torna a tarefa ainda mais difícil. Mas se não o fizermos, será muito complicado seguir o caminho da felicidade.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sabedoria da felicidade

*Imagem retirada do site http://viverplenitude.blogspot.pt/
A sabedoria não é um acumulado de estudos académicos; não mais sábio aquele que sabe todas as leis, aquele que é um excelente médico ou um excelente matemático, do que aquela dona de casa que nunca foi à escola ou aquele operador fabril que todos os dias executa a mesma tarefa. A sabedoria não se mede pelo número de livros que se leu ou pela complexidade dos cálculos que se executa. O verdadeiro sábio é aquele que sabe como ser feliz. É aquele que retirou de tudo o que leu, que viu, que ouviu, que observou, o melhor ensinamento, com vista a alcançar a plenitude da felicidade. 
De nada adianta ter todos os conhecimentos do mundo e ser infeliz. Não é a felicidade aquilo que procuramos nesta vida? Por vezes ouço pessoas que atingiram o topo das suas carreiras, que parecem saber tanto quanto uma enciclopédia, dizer que se sentem tristes, insatisfeitas. Por outro lado, ouço pessoas que nem ler sabem, falar da sua felicidade com um sorriso nos lábios.
As fontes da sabedoria podem ser muito variadas. Há os livros que nos ajudam, como por exemplo os de auto-estima, os psicólogos que nos aconselham, etc. Mas a lição mais importante vem da experiência e da observação. A experiência ensina-nos o que devemos e o que não devemos fazer, enfim, indica-nos o caminho, quanto mais não seja através do processo erro-correcção; a observação ensina-nos a distinguir o bem do mal, o certo do errado. 
Poderíamos então concluir que saberá mais quem mais velho for. Mas não é bem assim, a experiência não é o que nos acontece mas o que fazemos com o que nos acontece. Não adianta viver as coisas, é preciso aprender com a nossa vivência. 
Quem aprende? Aprende aquele que é humilde o suficiente para assumir que não sabe; aquele que tem abertura suficiente para abarcar novos valores, novas formas de ver o mundo, novas experiências; aquele que se consegue colocar no lugar dos outros, ver a vida por outros olhos; aquele que se permite sonhar, não parar de procurar; aquele que escuta e que observa. 
Não existe uma definição do que é certo. Encontramos desde a antiguidade muitos exemplos de sabedoria: os filósofos antigos, a Bíblia, tradições, ditos populares, etc. Eu diria que todos estão certos, na medida em que todos contribuem com alguma coisa para nos ajudar a encontrar a felicidade. Temos que filtrar tudo, adequar tudo à nossa época e à nossa realidade. Muitos ensinamentos parecer-nos-hão contraditórios, como por exemplo quando a Bíblia nos diz "amai os vossos inimigos" e as leis da justiça nos diz que podemos processar quem nos faz mal. Qual o correcto? Bom, cada qual saberá o que é melhor para si. Não deverá andar por aí impune aquele que comete um crime, mas sabemos que se lhe perdoarmos adquirimos uma paz interior que nos trará alegria maior que vermos essa pessoa na prisão. Algumas tradições como por exemplo a chinesa dizem-nos que é normal comer cão, enquanto para um europeu isso não é aceitável. Existem culturas em que a vida privada é um mito, enquanto por exemplo aqui na Europa prezamos muito essa faceta. Bom, não importa quão diferentes possam ser, o que importa é que cada uma tem qualquer coisa para nos ensinar. Por exemplo, deve haver uma razão para os chineses comerem cão. Falta de comida no passado, por exemplo. A lição que aprendi com eles foi que antes de julgar, devemos ver as coisas pelos olhos dos outros: como é que os chineses olham para os cães? Porque os comem? O que sentem em relação a isso? E o que faria eu se fosse chinesa? E o que pensam os chineses dos alimentos que nós comemos?
A forma mais eficiente de alcançar a felicidade é desenvolvendo a nossa auto-estima, a nossa relação com o mundo que nos rodeia, com os outros, com o universo. Tudo o que aprendemos que não nos ajude nisto, não tem muita utilidade. Porque no fundo, o que todos queremos é ser felizes, mais nada.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Alimentar emoções

*Imagem retirada do site http://gizmodo.uol.com.br/emocoes-corpo-humano/
Quando não queremos que algo vivo cresça, a melhor maneira que temos para a matar é não lhe dar de comer. Sem alimento, certamente irá definhar e morrer. O mesmo acontece com as emoções humanas: se não as alimentarmos, elas morrem. Isto tem um lado muito positivo: se nos queremos livrar daquelas que nos atormentam, o que temos a fazer é deixar de as alimentar. 
Como fazemos isso? Alimentamos-las de cada vez que temos comportamentos que lhes são favoráveis. Por exemplo, a ansiedade: se tivermos medo de alguma coisa que pensamos irá acontecer no futuro, alimentamos a ansiedade associada sempre que pensamos nela, que falamos nela, que juntamos na nossa mente algum ingrediente, ou seja, um novo receio. A ansiedade crescerá, ficará mais forte. No entanto se fizermos exactamente o contrário ela acabará por diminuir e/ou desaparecer.
Às vezes achamos que se falarmos nas coisas ajuda. Sim, ajuda desabafar. Mas cuidado, ao falarmos nelas, ao verbalizarmos, por vezes, estamos a dar-lhes comida. É ténue a fronteira que separa o aquilo que nos aliviará e aquilo que nos fará ficar pior. 
O mesmo princípio se aplica a emoções positivas, por exemplo à alegria. Mas neste caso, o preferível é que engorde bastante, por isso, toca a alimentá-la!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Medo das emoções positivas

O Homem é um animal de hábitos. E é bem verdade. Normalmente, quando pensamos nesta frase vêm-nos à memória comportamentos repetidos ao longo da vida. No entanto estes hábitos estendem-se também às emoções. 
Os hábitos caracterizam-nos, moldam a estrutura do nosso cérebro. Assim acontece com as emoções. Se repetidas ao longo do tempo, o cérebro familiariza-se com elas de tal forma que as considera normais. Normais, no sentido em que espera que ocorram, está preparado para que ocorram, e como tal aceita-as, não as rejeita. 
O que se passa é que por vezes ele só está habituado a emoções negativas, as positivas são raras e pouco intensas. Quando ocorrem, são uma novidade. Perante tal, não sabe como se comportar. Apesar de o consciente lhe dizer que são boas, não havendo registo com o qual as possa comparar, o que imediatamente se verifica é um aumento da ansiedade associada. Mesmo aquilo que é bom, como pode o cérebro avaliar se o é ou não, aquilo que desconhece e para o qual não tem base de comparação? Tem que se conhecer o que é bom para se querer experimentar o que é bom, caso contrário, é difícil acreditar que essa sensação existe, ainda mais quando o historial apenas apresenta um rol de coisas más.
O desconhecido causa medo, ansiedade. Estamos programados para evitar estas sensações. Aquilo que nos é dito pelo consciente que irá causar emoções positivas, é recebido pelo cérebro com desconfiança, despoletando uma série de emoções negativas. Por exemplo, se alguém está habituado a comer algo amargo, de que não gosta, e desconhece o sabor do açúcar, como se sentirá quando alguém lhe sugerir que um bolo é doce e que o doce provoca sensações agradáveis? Medo. Medo de não ser verdade e de ficar desapontado, medo de o doce não ser tão bom quanto aquilo que lhe dizem ser, medo de que a sua língua não goste do sabor doce. O mesmo acontece com as emoções. 
É por isso que muitas vezes vemos pessoas que enveredam por estilos de vida que repetidamente lhes trazem emoções negativas, rejeitando aquilo que as faria sentir melhor, pelo menos a avaliar pelos padrões da maioria das pessoas.  

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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