Translate

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Quando os antidepressivos causam depressão

Ver fonte da imagem
Se é verdade que quando temos uma depressão devemos tomar medicamentos, quer sejam antidepressivos ou ansiolíticos ou outros indicados para controlar os sintomas, a verdade é que por vezes os efeitos secundários podem levar a quadros depressivos, principalmente se estivermos a falar de períodos de tempo muito extensos.

Uma infância conturbada e uma adolescência complicada levaram-me a começar a tomar antidepressivos antes da maioridade.  Iniciei com Anafranil (antidepressivo tricíclico) e doses muito elevadas de ansiolíticos e tive acompanhamento psicológico concomitantemente. Consequências?  Letargia, sono excessivo, embotamento afectivo, taquicardia, entre outros. Normal, para medicamentos do género. Se me sentia triste, sem vontade de viver, a ver um futuro negro, sentir-me assim, como se andasse meio bêbada e a adormecer na escola, fez com que eu me afastasse de toda a gente, me isolasse cada vez mais, o que tornou a minha vida social num verdadeiro desastre. Então eu estava triste por isso. Então eu via o futuro negro pois não conseguia mudar a situação por mais que me esforçasse. Vivia a vida em tons de cinzento e completamente alienada da realidade.

O pior disto é que, dado que não houve nenhum período em que me sentisse bem, não consegui estabelecer a relação entre o que sentia e os medicamentos. Eu detestava-me. Comecei a mentalizar-me de que tudo era fruto da minha personalidade.  E os terapeutas também começaram a pensar o mesmo.  Na verdade eles nunca me tinham conhecido de forma diferente, e dado que minha depressão vinha desde a pré-adolescência, também de mim não ouviam relatos que sugerissem que alguma vez tivesse sido uma pessoa diferente. O que faziam então era "passar a mão no pelo", enquanto eu me afundava cada vez mais.

Como eu me sentia sempre na mesma, ao longo da vida foram-me receitando todo o tipo de medicamentos para a depressão e ansiedade que existem, na expectativa de acertar com o correcto para mim. Consequências?  Mais do mesmo. Eu continuava na mesma, triste, frustrada, confusa, abatida. Os efeitos secundários dos medicamentos estavam a dar cabo da minha vida.
Mais tarde comecei a tomar ISRS (inibidores selectivos de recaptação da seretonina). Passei a sentir-me um pouco melhor, contudo com o tempo comecei a notar que essas melhoras eram cíclicas. Andava um tempo melhor, construía alguma coisa, mas passado algum tempo estava na fossa outra vez e acabava por destruir tudo aquilo que tinha construído. Então perdi simplesmente a vontade de construir, a vontade de lutar. Se não tomasse os medicamentos sentia-me mal, se tomasse sentia-sentia-me mal.  Então vivia isolada, com o sentimento de que nada valia  pena. Não valia a pena lutar, eu não valia nada. Nunca consegui nada a vida toda, porque havia de esperar conseguir agora? Agora, que já tinha vivido mais de metade do tempo de esperança médio de vida para um ser humano?!...

O que me salvou foi pensar que nenhum médico nem nenhum medicamento me iria nunca tirar daquela situação, apenas eu mesma o poderia fazer. Tinha que ser a terapeuta de mim própria, pois tudo o resto tinha dado provas de ineficácia.  Valeu.-me a minha curiosidade, que me levou a ler bastante. Livros de auto-ajuda e sobre inteligência emocional ajudaram-me a perceber que o problema não estava nos diagnósticos ou na medicação. Parti do principio que, ainda que o problema fosse a minha personalidade eu poderia aprender a mudar algumas coisas. Mas o que eu aprendi foi que eu não sabia quem eu era! Tudo aquilo que eu pensava que era era fruto das circunstâncias ou dos efeitos secundários dos medicamentos, e isso estava a esconder o verdadeiro eu. E mais: descobri que a fonte de todos os meus problemas estava na forma de pensar. Toda a vida eu tinha pensado de forma errada e o meu historial clínico tinha-a consolidado.

Descobri o meu "eu" verdadeiro, mudei radicalmente a minha forma de pensar e de ver o mundo e comecei a sentir-me como nunca antes! Passei a ver o mundo a cores, finalmente.
Não deixei de tomar medicamentos pois sei que eles me fazem falta, mas só desta forma eles passaram a ser realmente eficazes.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Causas do sofrimento: masoquismo, integridade e zona de conforto

Ver fonte da imagem
Muitas vezes perguntamos porque estamos sempre a cair em situações que nos fazem sofrer.

Existem três expressões para explicar a causa de grande parte do sofrimento humano: masoquismo, integridade e zona de conforto. 

O sofrimento em si pode ser gerado por factores externos, inevitáveis, como guerras, catástrofes ambientais ou doenças. Porém, parte do sofrimento humano é "causado" pelo próprio "sofredor".O masoquismo significa prazer em sofrer. Existe uma extensa literatura no campo da psicologia e outras ciências que versa sobre este tema, contudo, porque contraria o princípio instintivo de todo o ser vivo de evitar o sofrimento, quem o procura tem que ter algum tipo de disfuncionalidade.

Apesar de chocar muitas pessoas, temos que nos comparar aos restantes animais, principalmente mamíferos. Nós somos biologicamente animais, e se há algo de inato em nós é o instinto de sobrevivência e o instinto de procura do prazer. O primeiro leva-nos a afastarmos-nos de tudo o que nos cause dor e desconforto, o segundo a aproximarmos-nos das coisas que nos causam boas sensações Ainda que por vezes se tenha que sofrer para alcançar o prazer (felicidade), este fim último, como finalidade da vida acaba por funcionar como uma recompensa. Aproximarmos-nos de algo que nos cause sofrimento em busca de algo que termine ou atenue um sofrimento maior ou reverta o actual para um estado de felicidade. Isto não se enquadra no masoquismo, pois o fim último do masoquista, o seu prazer, é o próprio sofrimento.

Se como animais é normal agirmos como acima referido, contudo somos animais de hábitos. E de teimosias! Isto para explicar que muitas vezes, seja qual for o motivo, somos expostos ao sofrimento. Porém, ou a repetição do mesmo em curtos períodos de tempo, ou a persistência do mesmo, leva a que nos habituamos. O estado "sofredor" passa a ser o nosso estado "normal".

Com base no instinto de sobrevivência, e partindo do princípio que não somos masoquistas, seria normal fugirmos daquilo que nos causa tal estado. Mas o que observamos muitas vezes é que muitas pessoas não o fazem, ou se o fazem acabam por encontrar rapidamente algo que as coloque nesse estado outra vez. Isto porque são íntegras! Elas "mantêm a palavra", ou seja, se disseram a elas mesmas "Eu sou um sofredor", não vão mudar a palavra dada! Pode parecer absurdo, mas a verdade é que isso acontece de uma forma insconsciente. Se passarmos a ser felizes, sentiremos que estamos a faltar à nossa palavra, a trairmos-nos a nós próprios, a "virar outra pessoa", o que não nos agrada. Isto passa-se sem que tenhamos consciência disso, sem entrarmos em quadros patológicos.

A permanência ou repetição de situações que nos causam sofrimento funcionam como se fossem a nossa família. Aquele é o estado que conhecemos. Estar em sofrimento torna-se tão familiar, que se há uma coisa que o instinto de sobrevivência nos ensinou foi a fugir do desconhecido. Por isso, tempos sempre a tendência a voltar para aquilo que conhecemos, a "voltar para casa", por muito aventureiros que sejamos. Isto porque aquele sentimento, agradável ou não, passa a ser familiar. No futuro, iremos escolher, inconscientemente claro, estar em situações que despertem em nós o sentimento que nos é familiar, bom ou mau,não importa.

Desta forma podemos dizer que muito do sofrimento do ser humano é causado pelo próprio, quer porque lhe dê prazer, porque é íntegro, ou porque é sempre difícil sair da "zona de conforto".

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

Mais vistas