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domingo, 10 de março de 2013

Os nossos recursos internos

A vida do dia a dia já é suficiente para nos dar que fazer: a profissão, os filhos, o marido, a esposa, os amigos, a saúde, etc. São uma infinidade de preocupações, chatices e até desgostos, com que nos deparamos todos os dias e a que temos que fazer face. Porém, muitas vezes, habituamos-nos a considerar tudo isso como fazendo parte de uma rotina que não podemos alterar. Mas, e quando surgem factos que alteram necessariamente essa rotina e nos forçam a carregar com mais uma dificuldade? Por vezes sentimos que não vamos aguentar, que já nos bastava o que tínhamos para atingir os nossos limites. contudo, o destino prega-nos partidas, e sem esperarmos, os nossos limites são novamente postos à prova. Porém, eles são definidos por nós mesmos, não são estanques, alongam consoante a nossa capacidade de suportar os acontecimentos, que  varia de pessoa para pessoa.
Quando dizemos que somos incapazes de ultrapassar determinada situação é assumir que os recursos armazenados em nós mesmos são insuficientes para lhe fazer face. Todos nós possuímos recursos: inatos ou adquiridos, para enfrentar e suportar todas as adversidades, mas nem sempre elas estão no seu melhor ou são suficientemente adaptáveis à situação. Sim, porque carecem de um período de adaptação, que por vezes é insuficiente no caso de acontecimentos súbitos e inesperados como a  morte de um familiar ou a perda de emprego. O período que medeia a altura do acontecimento e o restabelecer/adaptar dos nossos recursos, deixa-nos vulneráveis, incapazes de fazer uma gestão eficiente das nossas emoções e gera um sentimento de insegurança muito acentuado. É nesta fase que deixamos de acreditar que alguma vez vamos dar a volta por cima, em que a angústia é muito grande e cometemos actos de loucura, e mais recorremos a ansiolíticos e antidepressivos. São momentos em que ninguém parece ser capaz de nos ajudar, muito menos nós próprios. Revoltamos-nos contra o mundo, focalizamos toda a nossa atenção naquele acontecimento específico e passamos a constituir, nós e ele, um mundo à parte, onde os outros não podem entrar e onde não cabemos no mundo dos outros. Somos egoístas nestes momentos? Sim. Somos culpados? Talvez não.Se este momento for ultrapassado, houver adaptabilidade, não passa de um "momento de luto", caso contrário, entramos no campo das patologias. 
Se a chave é abastecermos bem o nosso armazém de recursos, então vamos fazer isso. Como, tentarei explicar mais à frente.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Abilify - 3

Após três dias turbulentos, com a pulsação a ultrapassar os 100 bpm, mesmo a dormir, com todo o corpo e mente a trezentos à hora, decidi fazer alguma coisa. Cheguei à conclusão que a médica que me receitou este medicamento (foi a minha primeira consulta com ela), não fez o que deveria fazer, supostamente por falta de tempo. Numa primeira consulta, vinte minutos não dá para nada e foi esse o tempo que estive dentro do consultório. Por mais que eu tentasse resumir o meu historial, não houve tempo sequer para dizer que tinha taquicardia (os detalhes contam!). O que aconteceu foi que ela não teve isso em conta e o Abilify agravou este sintoma.
É quase impossível contactar o médico de um hospital para lhe dizer que a taquicardia se agravou. Normalmente não estão contactáveis ou quando estão menosprezam o problema e dizem-nos para esperarmos pela próxima consulta. O que fiz foi tomar eu mesma as medidas por conta própria (algo que tenho plena consciência que não devia fazer): comecei a tomar Inderal de manhã e à noite, medicamento que já tinha tomado antes e tinha suspendido há meses. Pelo menos resultou ao baixar o pulso, se bem que me sinto cansada.
O corpo "abrandou", mas também dupliquei a dose de benzodiazepinas que foram receitadas como coadjuvantes desta terapêutica. O facto é que todos os dias tenho que ir para o trabalho, dar o meu melhor e aparentar estar no meu melhor, e acredito que isso acontece com muita e muita gente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Abilify - 2

Esta noite foi terrível. Tomei a outra metade e adormeci, mas por muito pouco tempo, não consegui dormir mais. O meu corpo estava inquieto, a minha pulsação acima de 100bpm, dei voltas e voltas e não descansei nada. De manhã sentia-me na mesma. Resolvi não tomar nada, a não ser a benzodiazepina. Durante todo o dia a minha pulsação não diminuiu, embora começasse a sentir-me mais calma. 
à tarde resolvi que tinha que tentar continuar com a medicação. Optei por tomar um terço apenas a ver como corre esta noite...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Abilify (Aripiprazole) - Início do tratamento

Comecei hoje este novo medicamento, o Abilify (substância activa Aripiprazole). Perante a ineficácia dos ansíolíticos mais comuns, a terapeuta receitou-e este, anunciando-o como algo novo e muito bom, dada a quase ausência de efeitos secundários e a adequação ao meu caso concreto. 
O primeiro contacto com ele foi na farmácia, onde reparei que o preço, sem comparticipação, andava perto dos 90 euros... Hoje tomei apenas 5mg (metade) e pretendo tomar a outra metade ao jantar. Não sinto efeitos nenhuns, mas também sei que é uma quantidade pequena. Tenciono ir postando aqui como me vou sentindo...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Carregando o seu cavalo?

A peça mais conhecida de Gil Vicente é sem dúvida o Auto da Barca do Inferno, mas sempre que penso neste autor, vem-me sempre à memória, em primeiro lugar, o Auto de Inês Pereira. Apesar de ter sido escrita no século XVI, aquilo que pretende ilustrar continua a ser sempre actual.
Voltemos ao século XXI para vermos a Inês Pereira que habita em cada um de nós. Naturalmente a ambição leva-nos a progredir ao nível do bem-estar pessoal. Porém, a forma como corremos atrás dela, pode-nos levar não ao objectivo pretendido, mas sim ao seu oposto. Quantas vezes optamos por soluções erradas no intuito de atingir os objectivos a que nos propomos? Às vezes, e se o fazemos de boa fé, o futuro revela-se diferente e afasta-nos deles, outras porém, e podemos pôr a mão na nossa própria consciência, sabemos que o caminho que estamos a seguir não é o melhor, o mais ético, o mais legal, etc., sabemos que os riscos são elevados e pomos por vezes a vida em jogo em prol de uma causa sem garantias de sucesso. Quando corre mal, lançamos as culpas ao destino ou à má sorte, esquecendo-nos que tudo o que temos ou somos em determinado momento, decorre de decisões tomadas por nós mesmos. Mas, mesmo quando não nos corre mal, por vezes somos tramados pela nossa essência: ambicionamos ser um atleta olímpico, quando não temos capacidades físicas para tal, ser ricos quando não sabemos administrar o dinheiro, ter um casamento feliz quando o que queremos é ser felizes sozinhos... 
Quanto ao caminho que escolhemos, temos ou não capacidade para o seguir, percorrê-lo leva-nos ao destino pretendido, queremos realmente suportar o esforço sabendo que existem outros caminhos, mais fáceis, nos levariam a um destino diferente, o qual afastamos de início por nos parecer inferior, menos nobre, inadequado para nós? Não queiramos ser aquele corredor de maratona que, após todo o esforço que despendeu para se colocar à frente dos seus concorrentes, ao cortar a meta cai esgotado e nem sequer consegue pegar na medalha... 
Inês Pereira casou com um nobre, desprezando o filho do lavrador, achando que o que realmente a faria feliz seria ter um marido culto, bonito, astuto; porém, a vida mostra-lhe que esta não foi a sua melhor escolha, pois foi trancada em casa, vigiada e impedida de sair à rua. Numa segunda tentativa de refazer a sua vida, após a morte do primeiro marido, ela escolhe o filho do lavrador. Apesar de não corresponder às suas expectativas de se casar com "príncipe", a sua vida passou a ser melhor que a que tinha anteriormente, pois ganhou a liberdade de fazer o que bem lhe apetecesse e o marido ainda a ajudava nesse propósito (embora sem ter consciência do que estava a fazer).
O moral desta história é "Mais vale burro que me carregue, que cavalo que me derrube!", algo que tantas vezes esquecemos quando fazemos as nossas escolhas, e que por vezes só nos damos conta depois de termos desperdiçado tanto tempo das nossas vidas.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Proteína GATA1 vs. Desporto Cerebral

É do senso comum que o stress e a depressão afectam o sistema que garante o bom funcionamento mental.  Um estudo americano (fonte: Daily Mail) veio concluir que a depressão grave e o stress crónico bloqueiam a formação de novas conexões nervosas. Estas conexões não são estáticas, formam-se e extinguem-se consoante a "necessidade" do seu uso. Segundo este estudo, em indivíduos deprimidos alguns dos genes envolvidos na construção das sinapses (pontos de conexão entre células cerebrais) apresentam-se suprimidos, condicionando a capacidade de concentração e memória, bem como o comportamento emocional. A supressão destes genes levaria a uma retracção do córtex pré-frontal, bloqueando a formação de novas conexões sinápticas entre os neurónios. O "suspeito" é uma proteína que se liga ao ADN denominada GATA1, uma espécie de interruptor genético. A activação desta proteína levaria à interrupção dos circuitos envolvidos na cognição (Ronald Duman in Natural Medicine), ao reprimir a expressão de alguns genes necessários para tal processo. Estudos em animais mostraram que a sua activação induziria a depressão. Para já a aposta está em assegurar e reforçar as conexões entre as células cerebrais.
Pode ser esta proteína a responsável, mas não podemos esquecer os efeitos da neuroplasticidade, ou seja, a capacidade das conexões neuronais se alterarem durante a vida. Esta plasticidade manifesta-se de três formas: morfológica ou anatómica, funcional (alterações de fisiologia neuronal) e comportamental (aprendizagem e memória).
Para melhor exemplificar a neuroplasticidade, imaginemos uma árvore. Do seu tronco nascem ramos, desses ramos outros ramos e assim por diante; se uns ramos se partirem, outros poderão nascer em seu lugar e normalmente crescem mais ramos onde as condições ambientais são mais favoráveis. Tal como uma árvore, o sistema nervoso regenera-se e desenvolve-se onde houver mais oferta de alimento, ou seja, onde houver mais actividade. Por esta lógica, uma pessoa com um estilo de vida feliz e bem disposta, desenvolverá sinapses em áreas do cérebro ligadas a essas emoções, enquanto pessoas depressivas e tristes as desenvolverão em áreas do cérebro a elas ligadas. Também é caso para dizer que a persistência em determinados estados emocionais leva a que as áreas do cérebro a eles ligadas se desenvolvam mais em detrimento de outras, criando assim um efeito "bola de neve", que só pode ser revertido na ocorrência e persistência de outros estados emocionais, de forma a contrabalançar o desenvolvimento de sinapses. No cérebro, como na vida, o que não é utilizado tende a desaparecer ou enfraquecer.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dezembro e os amigos

Detesto o mês de Dezembro. Eu sei, é o mês do Natal, da passagem de ano... mas por vezes sobrepõem-se as memórias ao que de bonito tem esta época. É um mês de reflexão, talvez por ser o último mês do ano. E tudo passa diante dos meus olhos como se fosse um filme, onde eu sou a única espectadora. E nesse filme eu estou sempre sozinha. Como as estações dos comboios, que ficam sempre no mesmo lugar vendo os comboios que chegam mas que sabem que partem. 
As pessoas não são boas na sua essência. Querem ser, procuram formas de se comportar como tal, argumentos para quando o não são. Eu, como pessoa, admito-o. Mas sempre o fiz. Mas outros há que apenas procuram exorcisar a culpa, como se não fosse isso o resultado da luta entre a sua consciência e a forma como se comportam; outros há que tratam as pessoas como se fossem objectos, como se se tratassem de um carro, por exemplo. Quando o adquirimos, usamo-lo, cuidamos dele, até nos preocupamos com ele. Mas depois de o vendermos, quem é que se preocupa se o novo dono o trata bem, se está numa garagem ou foi transformado em sucata? Só que as pessoas não são carros. Não podem passar pelas vidas de outras e simplesmente serem tratadas como tal. Porque a ser assim, essas pessoas só mostram que nunca sentiram ao menos amizade pelas outras, pois a amizade não desvanece com o tempo nem com a distância, sempre nos preocupamos com os amigos.
Se calhar é por isso que não gosto deste mês. É aquele em que as pessoas desejam boas festas, bom ano, ligam quando nunca ligaram o resto do ano... é um mês estranho. Respostas aprendidas! Por um mês, parece que se é o que se quer ser, não o que se é na verdade.

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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