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quarta-feira, 13 de março de 2013

Memória, Ansiedade e Benzodiazepinas

As benzodiazepinas, descobertas nos anos 60, vieram substituir os barbitúricos, anteriormente utilizados como tranquilizantes. O fim para que são administradas - promover o relaxamento físico e mental e reduzir a actividade nervosa do cérebro - acaba por ser uma faca de dois gumes. Se por um lado limita o sofrimento do indivíduo ansioso, por outro lado contribui a longo prazo para a deterioração da sua memória. 
Sob os efeitos destes medicamentos, a diminuição da memória é um facto que até vem descrita nas bulas como efeito secundário, sendo portanto universalmente admitido. Mas segundo Belinda Nunes, o stress e a privação de sono também são responsáveis pela diminuição da memória. Estes "efeitos secundários" do dia a dia da nossa sociedade afectam cada vez mais pessoas em idade activa, remetendo para cada vez mais cedo na vida do indivíduo um mal que era suposto começar a apoquentá-lo apenas na sua velhice. 
Num estado ansioso, cujo efeito biológico se assemelha ao medo, o cérebro está em constante sentido de alerta. Não admira portanto, que releve para segundo plano actividades que não são necessárias - ou imediatamente necessárias - para essa finalidade. Não é importante lembrar da matéria das aulas a que assistimos ontem ou da data de aniversário de alguém, mas é importante lembrar aquilo que faz disparar a ansiedade, ainda que esse "lembrar" seja o ir buscar memórias ao inconsciente. Lá, mais ainda que aquilo de que conscientemente temos noção, temos arquivados, para a par, um estímulo e uma emoção. Ao ir buscar uma, o cérebro inevitavelmente traz outra atrás. Por isso, se o estímulo por exemplo for um som, imediatamente vamos lembrar a emoção que sentimos da última vez que experimentamos tal sensação. Se o som estiver associado a algo agradável, a emoção será positiva, sentiremos alegria, prazer; se pelo contrário estiver associado a algo desagradável, experimentamos uma sensação negativa, tristeza, raiva, medo, etc.. 
Não admira, face a isto, que a ansiedade nos faça perder a memória, ao concentrar-se nas emoções. Contudo, se pretendemos acalmar através do uso de tranquilizantes, o efeito na memória parece ser o mesmo, não necessariamente nas mesmas proporções. O melhor é mesmo pedir ajuda a remédios naturais, tais como ouvir música, ler um bom livro, receber uma massagem, praticar desporto, etc., comer alimentos saudáveis e dormir bem. Praticar um estilo de vida saudável é a melhor prevenção que existe. Mas caso lhe seja inevitável estar sob um estado ansioso ou tomar benzodiazepinas, lembre-se também de um provérbio muito antigo: o que não se usa, perde-se. Por isso, não se esqueça de ir exercitando a memória!

terça-feira, 12 de março de 2013

O Medo, a Ansiedade e o Perigo

Por mais estranho que pareça, é mais fácil controlar o medo que a ansiedade. Perante uma potencial ameaça de perigo, os sinais biológicos ligados ao medo fazem-se sentir de imediato, antes mesmo da consciencialização dessa mesma ameaça. Ao terminar a ameaça, o corpo volta ao normal, os sinais de perigo desaparecem. benéfico. 
Embora ansiedade e medo se confundam na prática, pois os sintomas físicos são basicamente os mesmos, a primeira tem consequências muito mais graves, pois vive não apenas do presente, mas sim do futuro. Ela é a consequência da imaginação da representação da ameaça de perigo no futuro, ou seja, surge quando o indivíduo projecta no futuro, através da imaginação, a situação que lhe causa medo, vivendo assim, por antecipação, os sintomas inerentes ao medo inato. O prolongamento desta emoção ou a sua repetição, pode trazer consequências nefastas a vida pessoal e social, na medida em que inibe a iniciativa, a criatividade e mantém o corpo num permanente estado de alarme.
Imaginar - e vivenciar - continuamente aquilo que nos causa medo, adensa o próprio medo, de tal forma que muitas vezes este se transforma em fobia, ou seja, medo patológico, que não tem nenhuma função protectora, antes pelo contrário, pois na maioria das vezes estas fobias transtornam a vivência do indivíduo. Sabe-se hoje que não existe apenas uma região do cérebro responsável por gerar e manter a ansiedade; sabe-se que o medo se origina através da colaboração entre muitas áreas do cérebro. No mapa do cérebro, os cientistas identificaram áreas mais activas em pessoas com ansiedade e ataques de pânico, e foi possível reproduzir estados ansiosos através da estimulação de algumas dessas áreas. Durante os momentos de medo e ansiedade a região do cérebro mais activa é a amígdala. Estimulada, os níveis de cortisol (responsável pelo stress) aumentam, desencadeando os sinais biológicos do medo. O hipotálamo controla o sistema hormonal  e influencia o sistema nervoso simpático, ou seja, juntos são responsáveis pela activação ou desactivação dos recursos usados perante uma ameaça de perigo (pois perante um medo intenso muitas vezes, ao contrário da acção, o indivíduo experimenta uma sensação de paralisação), daí se tornar o alvo predilecto das drogas psicotrópicas. 
As situações ligadas ao medo permanecem na memória e podem ser activadas inconscientemente. É o caso dos ataques de pânico, por ex. Quando o contexto do estímulo é importante, este registo é armazenado no hipotálamo (memória emocional). 
A gestão eficaz da imaginação parece ser uma boa forma de controlar a ansiedade, sendo muitas vezes esta dificuldade em geri-la a origem de muitas fobias. Sejam as suas causas biológicas ou ambientais, o certo é que a emoção de medo deve ser apenas presente, se o indivíduo a projectar no futuro, que seja para evitar uma situação potencialmente desastrosa, mas real, e restringida apenas à sua função protectora e preservadora da integridade do indivíduo.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/labirintos_do_medo.html

domingo, 10 de março de 2013

Os nossos recursos internos

A vida do dia a dia já é suficiente para nos dar que fazer: a profissão, os filhos, o marido, a esposa, os amigos, a saúde, etc. São uma infinidade de preocupações, chatices e até desgostos, com que nos deparamos todos os dias e a que temos que fazer face. Porém, muitas vezes, habituamos-nos a considerar tudo isso como fazendo parte de uma rotina que não podemos alterar. Mas, e quando surgem factos que alteram necessariamente essa rotina e nos forçam a carregar com mais uma dificuldade? Por vezes sentimos que não vamos aguentar, que já nos bastava o que tínhamos para atingir os nossos limites. contudo, o destino prega-nos partidas, e sem esperarmos, os nossos limites são novamente postos à prova. Porém, eles são definidos por nós mesmos, não são estanques, alongam consoante a nossa capacidade de suportar os acontecimentos, que  varia de pessoa para pessoa.
Quando dizemos que somos incapazes de ultrapassar determinada situação é assumir que os recursos armazenados em nós mesmos são insuficientes para lhe fazer face. Todos nós possuímos recursos: inatos ou adquiridos, para enfrentar e suportar todas as adversidades, mas nem sempre elas estão no seu melhor ou são suficientemente adaptáveis à situação. Sim, porque carecem de um período de adaptação, que por vezes é insuficiente no caso de acontecimentos súbitos e inesperados como a  morte de um familiar ou a perda de emprego. O período que medeia a altura do acontecimento e o restabelecer/adaptar dos nossos recursos, deixa-nos vulneráveis, incapazes de fazer uma gestão eficiente das nossas emoções e gera um sentimento de insegurança muito acentuado. É nesta fase que deixamos de acreditar que alguma vez vamos dar a volta por cima, em que a angústia é muito grande e cometemos actos de loucura, e mais recorremos a ansiolíticos e antidepressivos. São momentos em que ninguém parece ser capaz de nos ajudar, muito menos nós próprios. Revoltamos-nos contra o mundo, focalizamos toda a nossa atenção naquele acontecimento específico e passamos a constituir, nós e ele, um mundo à parte, onde os outros não podem entrar e onde não cabemos no mundo dos outros. Somos egoístas nestes momentos? Sim. Somos culpados? Talvez não.Se este momento for ultrapassado, houver adaptabilidade, não passa de um "momento de luto", caso contrário, entramos no campo das patologias. 
Se a chave é abastecermos bem o nosso armazém de recursos, então vamos fazer isso. Como, tentarei explicar mais à frente.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Abilify - 3

Após três dias turbulentos, com a pulsação a ultrapassar os 100 bpm, mesmo a dormir, com todo o corpo e mente a trezentos à hora, decidi fazer alguma coisa. Cheguei à conclusão que a médica que me receitou este medicamento (foi a minha primeira consulta com ela), não fez o que deveria fazer, supostamente por falta de tempo. Numa primeira consulta, vinte minutos não dá para nada e foi esse o tempo que estive dentro do consultório. Por mais que eu tentasse resumir o meu historial, não houve tempo sequer para dizer que tinha taquicardia (os detalhes contam!). O que aconteceu foi que ela não teve isso em conta e o Abilify agravou este sintoma.
É quase impossível contactar o médico de um hospital para lhe dizer que a taquicardia se agravou. Normalmente não estão contactáveis ou quando estão menosprezam o problema e dizem-nos para esperarmos pela próxima consulta. O que fiz foi tomar eu mesma as medidas por conta própria (algo que tenho plena consciência que não devia fazer): comecei a tomar Inderal de manhã e à noite, medicamento que já tinha tomado antes e tinha suspendido há meses. Pelo menos resultou ao baixar o pulso, se bem que me sinto cansada.
O corpo "abrandou", mas também dupliquei a dose de benzodiazepinas que foram receitadas como coadjuvantes desta terapêutica. O facto é que todos os dias tenho que ir para o trabalho, dar o meu melhor e aparentar estar no meu melhor, e acredito que isso acontece com muita e muita gente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Abilify - 2

Esta noite foi terrível. Tomei a outra metade e adormeci, mas por muito pouco tempo, não consegui dormir mais. O meu corpo estava inquieto, a minha pulsação acima de 100bpm, dei voltas e voltas e não descansei nada. De manhã sentia-me na mesma. Resolvi não tomar nada, a não ser a benzodiazepina. Durante todo o dia a minha pulsação não diminuiu, embora começasse a sentir-me mais calma. 
à tarde resolvi que tinha que tentar continuar com a medicação. Optei por tomar um terço apenas a ver como corre esta noite...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Abilify (Aripiprazole) - Início do tratamento

Comecei hoje este novo medicamento, o Abilify (substância activa Aripiprazole). Perante a ineficácia dos ansíolíticos mais comuns, a terapeuta receitou-e este, anunciando-o como algo novo e muito bom, dada a quase ausência de efeitos secundários e a adequação ao meu caso concreto. 
O primeiro contacto com ele foi na farmácia, onde reparei que o preço, sem comparticipação, andava perto dos 90 euros... Hoje tomei apenas 5mg (metade) e pretendo tomar a outra metade ao jantar. Não sinto efeitos nenhuns, mas também sei que é uma quantidade pequena. Tenciono ir postando aqui como me vou sentindo...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Carregando o seu cavalo?

A peça mais conhecida de Gil Vicente é sem dúvida o Auto da Barca do Inferno, mas sempre que penso neste autor, vem-me sempre à memória, em primeiro lugar, o Auto de Inês Pereira. Apesar de ter sido escrita no século XVI, aquilo que pretende ilustrar continua a ser sempre actual.
Voltemos ao século XXI para vermos a Inês Pereira que habita em cada um de nós. Naturalmente a ambição leva-nos a progredir ao nível do bem-estar pessoal. Porém, a forma como corremos atrás dela, pode-nos levar não ao objectivo pretendido, mas sim ao seu oposto. Quantas vezes optamos por soluções erradas no intuito de atingir os objectivos a que nos propomos? Às vezes, e se o fazemos de boa fé, o futuro revela-se diferente e afasta-nos deles, outras porém, e podemos pôr a mão na nossa própria consciência, sabemos que o caminho que estamos a seguir não é o melhor, o mais ético, o mais legal, etc., sabemos que os riscos são elevados e pomos por vezes a vida em jogo em prol de uma causa sem garantias de sucesso. Quando corre mal, lançamos as culpas ao destino ou à má sorte, esquecendo-nos que tudo o que temos ou somos em determinado momento, decorre de decisões tomadas por nós mesmos. Mas, mesmo quando não nos corre mal, por vezes somos tramados pela nossa essência: ambicionamos ser um atleta olímpico, quando não temos capacidades físicas para tal, ser ricos quando não sabemos administrar o dinheiro, ter um casamento feliz quando o que queremos é ser felizes sozinhos... 
Quanto ao caminho que escolhemos, temos ou não capacidade para o seguir, percorrê-lo leva-nos ao destino pretendido, queremos realmente suportar o esforço sabendo que existem outros caminhos, mais fáceis, nos levariam a um destino diferente, o qual afastamos de início por nos parecer inferior, menos nobre, inadequado para nós? Não queiramos ser aquele corredor de maratona que, após todo o esforço que despendeu para se colocar à frente dos seus concorrentes, ao cortar a meta cai esgotado e nem sequer consegue pegar na medalha... 
Inês Pereira casou com um nobre, desprezando o filho do lavrador, achando que o que realmente a faria feliz seria ter um marido culto, bonito, astuto; porém, a vida mostra-lhe que esta não foi a sua melhor escolha, pois foi trancada em casa, vigiada e impedida de sair à rua. Numa segunda tentativa de refazer a sua vida, após a morte do primeiro marido, ela escolhe o filho do lavrador. Apesar de não corresponder às suas expectativas de se casar com "príncipe", a sua vida passou a ser melhor que a que tinha anteriormente, pois ganhou a liberdade de fazer o que bem lhe apetecesse e o marido ainda a ajudava nesse propósito (embora sem ter consciência do que estava a fazer).
O moral desta história é "Mais vale burro que me carregue, que cavalo que me derrube!", algo que tantas vezes esquecemos quando fazemos as nossas escolhas, e que por vezes só nos damos conta depois de termos desperdiçado tanto tempo das nossas vidas.

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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